O QUE CARREGAS NO CORAÇÃO?

 

No caminho do meio encontramos a semente do futuro, a ponte entre o cérebro e o coração, onde o pensar racional é aquecido pelos valores universais e morais do coração.  

 

O QUE CARREGAS NO CORAÇÃO?  

 

Sabe-se que o caminho do desenvolvimento da consciência parte de uma consciência coletiva em direção ao EU, onde a consciência coletiva se metamorfoseia do todo para o ponto focal, no indivíduo. Este processo é impulsionado pelo EGO, que é a forma do indivíduo perceber a si próprio como algo separado do todo, como uma individualidade. No próximo passo, o indivíduo deve sair de dentro de si mesmo ao compreender o outro, saindo do egoísmo para o altruísmo, através do fortalecimento das forças do coração - o reconhecimento, respeito e valorização do outro e de sua liberdade: o amor ao próximo.  

 

Acontece que quanto menos individualizado, menos capacidade a pessoa tem de perceber a singularidade das coisas. A tendência dela é colocar tudo no mesmo pacote. Não existem pontos focais, individualidades e pensamentos próprios, apenas correntes coletivas. Elas realmente existem e atuam sobre as individualidades, mas estas - as individualidades - são capazes de se sobrepor através da atuação da Vontade (o EU individual da Antroposofia e de várias correntes filosóficas e esotéricas).  

 

O outro aspecto importante é o equilíbrio entre as forças do coração e do cérebro que é capaz de nos conduzir a uma integração: criatividade e emoção coesa com o pensar racional e científico, porém humanitário, aquecido pelo amor a si, ao próximo e ao mundo (natureza).   

 

O problema é que nos encontramos num ponto onde tanto a força do EU quanto a força da corrente do coração estão sendo enfraquecidas: tudo é julgado coletivamente conforme as minhas "paixões e tendências" - reflexo do enfraquecimento da individualidade - e não demonstro nenhuma compaixão, empatia e sentido humanitário com tudo que me confronta - reflexo do enfraquecimento das forças do coração.  

 

Quando o pensamento crítico é marginalizado ocorre um impulso para a anulação das forças do EU, roubando a liberdade do ser humano - destino do ser humano, alia-se a uma banalização do mal - violência, tortura, morte, destruição da natureza, ataques à cultura, movimentos sociais, à vida e a quem pensa diferente, entramos numa era sombria... como já foi previsto por Steiner.   

 

Com todo o respeito, porém firme e sem medo, em prol do pensar livre e do amor ao próximo: dentro do meu âmbito de consciência, lutarei em favor do respeito, da vida, do apoio mútuo, da compaixão, da pluralidade, da liberdade, da gentileza e cortesia, da vida, da natureza, da cultura, do pensar próprio, da arte e do amor... principalmente em prol das pessoas.

 

Leonardo Maia 

Publicado no bibliotecadaantroposofia@antroposofy.com.br