O que é o Juramento Maçônico?

Dizem, os que muito viveram, que "amigo mesmo só aquele dos primeiros anos de vida". Querendo dizer com isso que, para ser fiel a uma amizade se necessário uma história em comum, ter compartilhado com o amigo muitos momentos de alegria e/ou de tristeza. Dizem, também, que mesmo estando os amigos fisicamente distantes, as lembranças destes momentos conservam a fidelidade.
 
As lembranças conservam a fidelidade porque elas trazem para o presente o passado vivido em comum. As lembranças atualizam o passado, fazendo dele o presente. Isto porque só se pensa efetivamente no presente. Assim, semelhantemente,  podemos trazer o possível futuro para o presente, basta imaginar o que poderá nos acontecer. Viver imaginando o futuro é estar voltado para ele.
 
Por exemplo, depois de tomar involuntariamente um banho de chuva, imaginar que ficará doente, é sofrer pelo que poderá acontecer ou tomar providências para que isto não ocorra, logo é estar voltado para o futuro. Analogamente, lembrar dos momentos felizes vividos, é ser feliz mais uma vez.
 
Posto estes fundamentos, quando falamos em fidelidade maçônica, o quê queremos dizer?
 
É óbvio que a fidelidade maçônica consiste em ser fiel aos princípios fundadores da Ordem. Princípios fixados na lenda de Hiram, que ilustra a meritocracia. Ou seja, a cada um segundo os seus dons, suas virtudes, e em conformidade com o desenvolvimento dos mesmos, decorrente do desbastamento da pedra bruta.
 
Para um maçom, contribuir para a construção de uma sociedade justa e perfeita, consiste em ter uma vida profissional voltada para o bem servir, em conformidade com as virtudes que ele um possui. Sendo a posse destas virtudes uma dádiva do Grande Arquiteto do Universo.
 
E sendo assim, é que as sessões das lojas maçônicas celebram o rito solar, exatamente por ter como objetivo atualizar a iniciação de cada obreiro. Se estas lembranças são boas, o juramento prestado na iniciação será respeitado. Boas no sentido de ter propiciado uma vida melhor a partir da iniciação, dos encontros semanais e da comunhão da mística maçônica. Caso contrário, o juramento não terá nenhum valor. Será esquecido, o que resultará no afastamento do obreiro, no adormecimento. O que vale dizer: resultará na infidelidade à Ordem. 
 
Aqui é pertinente uma distinção. A iniciação não propicia uma imediata amplificação no número de amigos. A iniciação não fornece a cada recém iniciado novos amigos, mas, sim, novos irmãos. Irmãos na Ordem, fieis a Maçonaria e não, necessariamente, aos demais maçons. Entretanto, nada impede que ao longo dos encontros semanais criem-se laços de amizades entre alguns irmãos. E que estes tenham fidelidades particulares, no sentido do adágio: "amigo para mim não tem defeitos, não possuem vícios". Mas, isto não é próprio da Ordem.
 
Exemplificando, é possível que no momento da escolha do líder da loja, eleição do Venerável Mestre para o período seguinte, se faça valer o critério da amizade: votar no amigo e não no mais capaz para dirigir a instituição. Neste caso, a fidelidade ao amigo pode resultar na infidelidade à Ordem, em consequência, o juramento maçônico será relevado ao esquecimento. O mesmo pode acontecer nas demais as instâncias maçônicas ou profanas.
 
Por fim: o juramento maçônico não exige a fidelidade de cada obreiro aos interesses dos demais obreiros, mas, sim, a obediência aos princípios fundadores da Ordem.
* Hiran de Melo

Melquisedec, ao vale do Mirante, no dia seguinte ao das cinzas do Carnaval Brasileiro de 2014.