O sentido simbólico das luvas brancas


 

Inúmeros são os símbolos da Liturgia Maçónica e, dentre eles, destaca-se o da entrega aos neófitos das luvas brancas quando, nos últimos momentos da Iniciação, o Venerável anuncia, então, que aquelas luvas brancas constituem o símbolo da sua admissão nas fileiras dos homens livres e de bons costumes.

Os homens distintos e elegantes, as damas da sociedade fina e os militares galonados deitaram a moda das luvas brancas. Estas chegaram a fazer parte dos ornamentes que recebiam os bispos no acto da sua sagração, com a designação de “luvas litúrgicas”, simbolizando a castidade e a pureza.

A entrega das luvas brancas aos neófitos da Maçonaria ficou justificada na mesma intenção deferida aos bispos dantanho. Cobrindo as suas mãos com elas, o Maçom é levado a compreender, primeiramente, que a sua mão direita nunca deverá saber o que faz a esquerda. Também o Venerável lhe explica que são o “símbolo da sua admissão no Templo da virtude, indicando, pela sua brancura, que ele nunca deverá manchá-las nas águas lodosas do vício”.

A posse das luvas brancas não revela nenhuma interpretação mística, mas sim o que possa haver de mais activo e fecundo para a orientação no cumprimento do dever. Alcança tanto a destinação da própria personalidade do iniciado como a da sua família.

Pelo que ficou esclarecido, a Ordem dos homens livres não se restringe a entregar somente um par de luvas a cada um dos iniciados. Entrega um outro par que são destinadas àquelas que mais direito tiver a vossa estima e ao vosso afecto.

Vê-se, pois, que a Maçonaria, no grande momento da recepção dos seus convidados, lembra-se da mulher, numa homenagem justa e sincera. Não se esquece de que a mulher esposa tem por sua vez os direitos sustentados desde os dias do chamado “Pontificado Romano”.

Mas, esposa, irmã, filha ou mãe é sempre a mulher que distribui consolação, promove alentos e distribui conforto, tanto nas horas felizes da família como nas atribulações e nos desfalecimentos da vida e do seu esposo. Portanto, tal homenagem da Maçonaria é, sob todos os aspectos, mais do que procedente.

Um provérbio persa diz: “Não firas a mulher nem com a pétala de uma rosa”. A Maçonaria reforça este ditado ainda mais: e nunca firas mulher com um lampejo de pensamento. Seja ela moça ou idosa, formosa ou feia, má ou bondosa, delicada ou áspera, sabe ser sempre o segredo do Grande Arquitecto do Universo. É a incansável colaboradora de Deus no seio da humanidade. À margem de todas as filosofias está a vida. E a perpetuação da vida foi confiada pelo ser dos seres: à mulher.

O nível de igualdade em que a Maçonaria coloca o homem e a mulher, destinando a cada um o par de luvas brancas cimenta a certeza dos nobres exemplos transportados aos seus obreiros cônscios das responsabilidades assumidas perante as assembleias de maçons que o recepcionaram.

Tais luvas são símbolos da admissão dos recém-iniciados como carácter evidente da pureza das intenções que deve observar sempre o Maçom nas suas acções. Portanto, recebendo-as, ele deve cuidar com toda atenção para não as manchar com o egoísmo e com a subserviência às paixões que embrutecem o homem.

Eurípides Neves de Oliveira

Fonte: https://www.freemason.pt/