O significado simbólico das dimensões do Templo Maçônico

 

 

 

 

 

 

Imperioso se impõe neste momento, antes de mergulharmos nos mistérios deste fascinante tema do Templo de Salomão e a Maçonaria, há de se localizar no tempo esta extraordinária Obra construída pelo não menos excepcional personagem da História Antiga o Rei Salomão. O Templo de Salomão foi o primeiro a ser construído na época de 937 aC, constituiu-se um edifício de grande esplendor, símbolo da unidade nacional e religiosa do povo, tendo sua destruição comandada pelo exército de Nabucodonosor em 587 aC.

 

Visto isso, meus Irmãos, passamos neste momento a desvendar a relação do Templo com a Maçonaria. Sabe-se historicamente que nossos primitivos irmãos, ainda pertencentes à Maçonaria Operativa, no evidente intuito de se engrandecerem ante as demais corporações de ofício de sua época, atribuíam suas origens aos povos da antiguidade egípcios, caldeus, milênios, gregos ou romanos, afirmando serem construtores e herdeiros, em linha reta, da arte real dos obreiros do Templo de Salomão.

 

Quando da transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa, os primeiros irmãos da atual Maçonaria reuniam-se em salas de fundo de estalagem e tabernas. Antes de iniciarem os trabalhos lavavam o piso, marcando nele, a giz, um retângulo que tomavam como miniatura do Templo de Salomão, e dentro desse retângulo eram desenhados emblemas e símbolos do painel do grau em que se propunham trabalhar. 

 

Cabe salientar, que o referido retângulo, em si era obviamente apenas um símbolo pois nada mais apresentava que o pudesse ligar ao Templo. Com o passar do tempo, após o século dezoito, uma elite cultural passou a se dedicar na difusão dos símbolos e dos ideais da Ordem, e ampliar cada vez mais essa concepção poética a respeito do Templo.

 

Ao final do século XVIII, quando se iniciou a construção de Templos Maçônicos, o antigo painel de grau passou a sua condição de hoje, apenas um pequeno retângulo de material resistente que se abre e fecha a cada sessão. Foi possivelmente nesta época, de construção de Templos Maçônicos, substituto das antigas salas das tabernas e hospedarias, que se introduziram as colunas. Há quem afirme que a não ser as duas colunas, poucas lembranças se encontram a respeito do Templo de Salomão.

 

Referindo-se ainda, das colunas em nossas lojas, as mesmas estão sempre colocadas em seu interior, quando no Templo de Salomão ladeavam pelo lado externo sua única porta voltada para o Oriente. E, ainda, as portas de nossos Templos atuais estão voltadas para o Ocidente, pelo menos simbolicamente.

 

Cabe neste momento, meus irmãos, ressaltar que o Templo de Salomão estava direcionado no sentido Oriente-Ocidente, de tal sorte que a única porta de entrada estava voltada para o Sol nascente, numa evidente rememoração dos costumes antigos de adoração ao Sol. Internamente estava dividido em três cômodos bem definidos. O átrio, ou vestíbulo, onde estavam o mar de bronze e as doze bacias para transporte de água. O Santo, onde estavam os sete candelabros de ouro, a mesa dos pães da proposição, e a mesa dos incensos e perfumes. Finalmente, o Santo dos Santos, ou Santíssimo onde estava o símbolo máximo, e a Arca da Aliança, com os dois Querubins, foram substituídos pelos Rolos da Lei. Como todos os Templos da Antiguidade o Templo de Salomão era a morada do Deus Todo Poderoso, e não um lugar de reunião de adeptos do judaísmo.

 

Por outro lado, meus irmãos, nossas Lojas são típicas casas para reunião de assembleias, o que por si já dificulta sua comparação com o Templo de Salomão. Desta forma, é mister, a fim de que nos livremos de misticismos sem raízes históricas, que nos mantenhamos dentro do conceito exato de que o Templo de Salomão significa claramente para a nossa ordem. Sendo assim, torna-se imperiosos dar mais ênfase ao seu aspecto simbólico, exatamente como faziam os nossos primeiros irmãos desta fase especulativa quando traçavam, a giz, no chão, apenas as quatros linhas de um triângulo como símbolo do Templo.

 

Segundo o irmão Ambrósio Peters, colaborador da Revista o Prumo, em seu artigo datado de junho de 2001, o mesmo defende uma tese de que o modelo seguido, por todas as evidências, foi o Parlamento Inglês, que tem uma disposição e um posicionamento dos seus membros muito assemelhado ao das nossas Lojas. Um estrado mais alto para a mesa diretora e seus auxiliares e um corpo central em que os parlamentares se posicionam em duas colunas frontais, ficando frente a frente. Essa disposição é dado observar com certa comodidade todas as pessoas que entram ou saem do recinto, bem como todos os atos que se desenrolam na parte central, exatamente como é usual em nossas Lojas.

 

Assim, concluindo, podemos após mergulhar nos fatos históricos, afirmar que comparações físicas entre o Templo de Salomão e as nossas Lojas não fazem sentido realmente. Agora, caríssimos irmãos, o caráter Simbólico do Templo de Salomão, apesar de todas essas considerações, deve ser mantido com todo carinho. Ele é o símbolo maior da vontade de uma plêiade de heróis judeus que conseguiram implantar as raízes de um monoteísmo puro, movendo-se dentro de uma floresta de povos politeísta. O Templo de Salomão é o símbolo da sabedoria desse povo que soube se manter fiel aos seus ideais que sustentaram com denodo por milênios.

 

Por tudo isso, meus irmãos, poderíamos afirmar com toda tranquilidade, que o Templo é muito mais a representação do “EU” interior de cada um, do que o Templo físico onde realizamos os nossos trabalhos. Será apenas uma imagem simbólica do grande Templo em construção ou interior de nossa alma de Maçom esperançosos de chegar à meta que nos propusemos ser homens maiores, cheios de força, sabedoria e beleza.

 

Antonio Henrique Bulcão Vianna

 

In Memoria