O Silêncio

Bem aventurado seja o silêncio, pois, o silêncio é o poder e tudo que é poder, emana do GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO.


Sendo o silêncio, a dádiva de Deus, deve ser respeitado, glorificado e acima de tudo, praticado pelos maçons espalhados pela superfície da terra. Deus, nos deu dois ouvidos e uma boca.


“ O Silêncio é ouro”, muito bem o definiu o antigo adágio popular. Na maçonaria, o silêncio deve ser qualificado como um diamante de extremo valor.
O silêncio é exigido desde os iniciados e sobrevive desde a mais remota antiguidade e tão grande era o valor que os antigos davam a esta virtude, que a divinizavam sob a forma de uma criança com o dedo sobre os lábios, como se ela recomendasse não falar.


Pitágoras, submetia seus discípulos a uma prova de silêncio que durava anos.


Sabe-se que os iniciados nos mistérios gregos de Eleusis ( deusa Ceres da agricultura ), ao saírem do antro onde se encontrava o leito de Perséfone, colocavam um dedo sobre os lábios para significar que a experiência porque tinham passado era impossível de ser descrita.


Assim, do ponto de vista iniciático, considera-se o silêncio uma virtude essencial, pois como dizia Carlyle, o silêncio “ é o elemento em que se plasmam as grandes coisas para saírem do tempo e a luz meridiano da vida completamente amoldadas e majestosas”.


Há, dentro da história, certas épocas que ficam marcadas por um lema, uma expressão, uma palavra, traduzindo o sentido preponderante dos povos, que naquele momento da vida espiritual, traduzia uma belíssima lição.


A origem do emocionante rito que consiste em guardar silêncio durante um minuto, é a seguinte: em Lisboa no ano de 1912, estava o Senado reunido, quando chegou a notícia do falecimento do Barão do Rio Branco, vulgo, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Grande Maçom e chanceler brasileiro.
O presidente da casa, em sinal de pesar propôs guardarem silêncio por dez minutos. Todos se levantaram e religiosamente fizeram silêncio. A cerimônia passou para a França e logo depois foi adotada por todas as assembléias do ocidente. Assim, a cerimônia de guardar um minuto de silêncio pelo falecimento de alguém é adotada em todo universo.


Conta-se de um rico ateniense, que certa vez, dando encantadora recepção a embaixadores do rei da Pérsia, visitantes de Atenas, para a qual foram convidados quantos filósofos havia na cidade. Estes, no decorrer da linda festa, empregaram os maiores esforços para impressionar da melhor maneira que lhes fosse possível, àqueles dignitários. Visavam incutir-lhe o mais alto conceito do que realmente era a famosa e proverbial cultura Helênica.


Somente Zenon, fundador da célebre do estoicismo ( sistema filosófico que pretendia fazer do homem insensível a males físicos e morais ), se obstinava em guardar o mais absoluto silêncio.


Finalmente os reis emissários da Pérsia, surpresos e admirados, perguntaram ao notável filósofo do Pórtico: - E o que de ti, Zenon, havemos de contar ao rei nosso amo ?
- Nada... respondeu friamente, acrescentando após haver atraído sobre si a total atenção dos circunstantes, a não ser que haveis encontrado em Atenas, um homem que sabe ficar calado. Isto há mais de dois mil anos na antiga Grécia, berço da filosofia. Entretanto, antes daquele tempo afastado, quando depois dele, até hoje, não obstante os ensinamentos, muitas vezes dolorosos da experiência humana, a humanidade continua exatamente a mesma, em muitos sentidos. E, quando vem sofrendo e ainda vai padecer por saber refrear a língua! Quem sabe ficar calado?


Ésopo, um escravo grego, em uma de suas muitas fábulas, conta-nos, que certo filósofo desejaria para a sua mesa, um manjar, que requintasse tudo o que de melhor houvesse no mundo.

O servo foi ao mercado e lhe trouxe uma língua......
O filósofo, ficou maravilhado pela argúcia do seu servidor e para confundi-lo pediu-lhe que lhe fosse trazido para sobremesa o que de pior existisse...... e o sábio escravo, trouxe-lhe novamente outra língua.......o amo irritou-se e Ésopo, que outro não era o servo, disse-lhe: - Estás admirado? Pois fica sabendo que a língua humana é o que há de melhor sobre a face da terra, quando serve de instrumento do bem, mas é também o pior veneno, quando utilizada para destruir a obra de Deus e arrasar a reputação humana.


Um dos famosos conceitos do Rei Salomão (1015 A.C. ), nos diz: “Há...tempo de estar calado e tempo de falar”.


Para Massom, autor francês do século passado “ o homem supera o animal com a palavra, e com o silêncio, a si mesmo se supera. Que existe uma arte de falar e outra de calar, não resta dúvida.


E para Júlio Dantas, o notável escritor português deste século, “ não há nada que valha a dignidade do silêncio”. Maravilhoso é o poder do silêncio, reconhecido em qualquer parte deste mundo.


Com efeito, não raro, não nos arrependemos de não haver permanecidos silenciosos, numa circunstância porque então outro seria o resultado para criar algo negativo e muitas vezes nos arrependemos de haver falado, mas nem sempre de nos ter calado.


Continua tendo considerável peso, o antigo ditado “ o silêncio é de ouro”, até o insensato passará por sábio, se estiver calado, por inteligente, se cerrar os lábios.
O silêncio de Messias perante a Pilatos, foi a mais séria repreensão que provavelmente eles receberam na vida. Tudo o quanto lhes era precioso ser dito, já o havia sido, e Jesus não tinha nada para acrescentar.


O silêncio ajuda sempre, seja quando ouvimos palavras infelizes, quando alguém está irritado ou colérico, quando a maledicência nos atinge, quando a ofensa nos golpeia, quando a crítica destrutiva nos fere, quando a calúnia nos humilha e provoca a vaidade, a todos eles, respondemos como perdão do silêncio.
Desde a mais remota antiguidade, o silêncio é a principal disciplina imposta aos iniciados nas sociedades secretas de mistérios esotéricos e nas fraternidades iniciativas. A própria palavra mistério significa, em linguagem religiosa, algo de separado, oculto, silêncio e de que não se deve falar.
Só mesmo Deus, o Grande Arquiteto do Universo, sabe o quanto precisamos nos aquietar e manter o silêncio, carecemos de dar a alma, tempo para se abastecer da calma.


As célebres rodas da vida. Precisam deter-se de modo que possamos ouvir as mensagens do silêncio das estrelas, do silêncio do mar e do próprio silêncio de Deus, porque ELE É ONISCIENTE, ONIVIDENTE, ONIPRESENTE, ESTÁ EM SILÊNCIO EM TODA PARTE, EM TODO LUGAR, AO MESMO TEMPO.


Todos os simbolistas maçons recomendam o silêncio, nas reuniões maçônicas e para o nosso Grau o Silêncio faz parte, além de tudo o Sinal. O silêncio deve ser mantido no templo, não por forças de disposição regulamentares ou ritualísticas, ou em virtudes de ditames de boa educação e das meras exigências e convenções sociais, mas para que possa ser formado o ambiente de espiritualidade próprio de uma Loja. E ao se ajustar à formação desse ambiente esotérico, tão propício à meditação, proporciona ao Maçom, benefícios para si mesmo, beneficiando também os demais irmãos com as forças macro cósmicas do universo.


Por meio do silêncio, a gente consegue exercer o domínio de si mesmo, aprendendo a falar e a calar. Adquire então, uma firmeza serena que lhe facilita a dedicar-se à meditação e à reflexão aos discernimentos da verdade. Ele encontrará, sem dúvida, o verdadeiro sentido oculto dos símbolos.


Luiz Umbert dos Santos afirma que “o silêncio assim praticado eleva-se à categoria de virtude, graças à qual corrige-se muitos defeitos, eleva-se á categoria do bom obreiro, aprendendo ao mesmo tempo, a ser prudente e indulgente com as faltas que observa”.


Entre os antigos romanos, estas virtudes não eram estimuladas, e um poeta diz que “ para o silêncio fiel, também há uma segura recompensa”.
Em resumo, o silêncio é uma das pedras angulares da arte real, que sustenta o arcabouço maçônico.


Portanto meus irmãos, pratiquemos o mais absoluto silêncio da virtude maçônica, que desenvolve a meditação e a discrição do bom obreiro, corrigindo o nosso próprio defeito, usando a prudência e a tolerância com faltas e defeitos dos nossos semelhantes.


Apresentação: Ir.’. Paulo Zalmir