O Silêncio

 

            Há em todos os hospitais do mundo um símbolo postado nas paredes, composto de uma bela enfermeira, elegantemente uniformizada, levando o dedo indicador aos lábios. Isto significa que ao adentrar no interior do hospital deve-se fazer silêncio. Normalmente as pessoas obedecem e fazem silêncio, ou melhor exercitam a ausência de palavras. Fazem o silêncio de ausência de palavras.

 

“Há quem tema o silêncio e por isso, ao entrar em casa, tratam de ligar todos os aparelhos: telefone, televisão, rádio... São pessoas incapazes de escutar o silêncio interior. Têm dificuldades para ”amar ao próximo como a si mesmo". Quem não se gosta de si mesmo têm dificuldades para gostarem dos demais. E descarregam neles seu mal-estar íntimo. É no silêncio onde se pode descobrir ao outro que não sou eu e, sem embargo, como afirmou santo Tomás de Aquino, dá sentido a minha verdadeira identidade”, disse Frei Betto em seu artigo “Guardar Silêncio” em dezembro de 2002.

 

O silêncio que quero comentar aqui é o silêncio que esvazia a mente. É o silêncio que somente cada um de nós poderá realizá-lo, porque só existe silêncio dentro de cada um quando se propõe a isso, pois no exterior não existe silêncio, uma vez que a sábia natureza estará sempre nos proporcionando sons magníficos, como os cantos dos pássaros, o barulho reconfortante das ondas do mar, os gritos incessantes dos ventos, a raiva destruidora dos raios e trovões e o ruído poético das chuvas batendo nos vidros das janelas.

 

O silêncio proposto é o silêncio que nos proporciona ambiente para um encontro pessoal. Quem desarma a sua mente dos problemas e complicações do dia-a-dia e se concentra para dentro do seu interior, fazendo calar a mente e dominando-a, tem a força para um momento contemplativo, de meditação e aprende a esperar, a escutar e a discernir.

 

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O exercício do silêncio é tão importante quanto à prática da palavra” (William James)

 

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“Sabemos que durante a Sua atividade messiânica o Mestre Se retirava muitas vezes em solidão para rezar, e que passava em oração noites inteiras (cf. Lucas 6,12). Para esta oração preferia aqueles lugares desertos que predispõem para o colóquio com Deus, tão correspondente à necessidade e à inclinação de cada espírito sensível ao mistério da transcendência divina (cf. Marcos 1,35; Lucas 5,16). De modo idêntico o faziam Moisés e Elias, como lemos no Antigo Testamento (cf. Êxodo.34,28; 1Reis 19,8). 0 livro do profeta Oséias faz-nos compreender que há uma particular inspiração à oração nos lugares desertos; Deus, de fato, 'conduz ao deserto para falar ao coração' do homem (cf. Oséias 2, 16)". (João Paulo II- L'Osservatore Romano de 21-04-91). 

 

Esse deserto é o nosso interior que devemos sempre caminhar em direção dele e penetrá-lo para conversar conosco. Aí as coisas serão esclarecidas e construiremos um mundo melhor e propício para fazer feliz a humanidade.

 

No mundo de hoje como é difícil captar a voz interior!  Há muito barulho fora de nós e dentro de nós! É fundamental criar condições que permitam ficar à escuta do nosso interior. “Boa parte do tempo de meditação deve ser vivido com Deus no silêncio e na solidão do coração”.

 

 “Quem não contempla a Verdade no silêncio, vai transmitir a si mesmo, suas idéias e não Deus. Deus não se inventa, mas se descobre. Para isso é preciso concentração, silêncio, calma, recolhimento”.

 

Juarez de Oliveira Castro

 

Mestre Maçom Instalado da Aug e Resp Loja Simbólica  “Alferes Tiradentes”.