O "Simbolismo" como corrente literária e a Maçonaria

Ao nos referirmos ao simbolismo contigo nos 3 graus da Maçonaria Universal como base de sua essência doutrinária não há como deixar de fazer uma analogia a uma corrente literária que se revelou pródiga em grandes autores brasileiros como Cruz e Souza e Alphonsus de Guimarães.

 

Estes foram os mais notáveis representantes da corrente literária chamada de “Simbolismo” tanto no segmento da Prosa quanto da Poesia (broquéis).

 

O que nos remete a essa comparação são justamente as características marcantes dessa Escola Literária à nossa Sublime Ordem no seu plano cultista e conceptista.

 

Aspectos temáticos como a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o esoterismo, o mistério, o sagrado e o conflito entre matéria e espírito dentre outras características denotam como essa escola literária que chegou ao Brasil vinda da Europa no final do Século 19 tanto se conflui com o perfil de nossa ordem iniciática.

 

No tocante ao plano formal as “sinestesias” que nada mais são que a relação de planos sensoriais diferentes, mas que se coadunam entre si, como por exemplo: o gosto com o cheiro, ou a visão com o tato constituem-se em outro relevante exemplo dessa correlação. O termo serve para descrever uma Figura de Linguagem e uma serie de fenômenos provocados pelas sensações.

 

Outra analogia que se pode estabelecer entre o “Simbolismo” na Literatura e o Conceptismo Maçônico diz respeito as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.

 

Observe-se que a própria linguagem maçônica está recheada de vocábulos muito particulares a sua natureza, emprestando-lhe um caráter único e diferenciado de toda e qualquer outra doutrina, inclusive abrigando 

linguajares inerentes exclusivamente aos iniciados em seus augustos mistérios.

 

Nas obras do escritor brasileiro Alphonsus de Guimarães como “Setenário das 

Dores de Nossa Senhora” (1899) e Dona Mastica (1899) observa-se claramente que sua Poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, e que se revela como objeto de adoração. Nada que não se possa estabelecer uma relação causal com o processo que envolve o entrelaçamento, as conjecturas e o ápice que se traduz na Lenda do 3o. Grau.

 

Importante destacar que o “Simbolismo”, como corrente literária se preocupava com a linguagem e com o Rigor Formal, tal qual a Maçonaria em sua exegese.

 

Vale ainda mencionar que essa corrente literária apresentava uma estética marcada pela subjetividade, elemento presente no misticismo e na sugestão sensorial, algo que em certa proporção também se aplica ao ritualismo maçônico, como por exemplo no Rito Adonhiramita - cujas peculiaridades litúrgicas se pronunciam através de sua profunda espiritualidade, a circunavegação em forma de símbolo do infinito e seu caráter singular místico e esotérico que se tipificam inclusive na forma de tratamento entre os irmãos que revelam o apreço, respeito e confiança entre si.

 

Esse paralelismo entre a Literatura e a Maçonaria é apenas um exercício para sublimar o caráter cultural e intelectual que caminham lado a lado rumo a nossa evolução.

 

Newton Agrella

Mestre Maçom (Instalado) da Loja “Luiz Gama” Nº 0464

e Loja “Estrela do Brasil” Nº 3214 - REAA - GOSP - GOB

newagrella@gmail.com

 

 

Originalmente publicado no JB News No. 2.313 de 29 de janeiro de 2017