O Símbolo da Chama Sagrada

Ouvem-se doze vibrações. Os aprendizes que ocupam a parte menos iluminada - pois não estão em condições de receber maior claridade - completaram mais um dia de trabalho desbastando a pedra bruta. Será necessário um tempo de três anos para que possam receber os seus salários no grau de companheiro.
 
É meia noite. Reina silêncio no Templo. Corações voltados para o Grande Arquiteto do Universo. É hora de orar. É hora também da formação da Cadeia da União com a finalidade de agradecer as graças recebidas e/ou encaminhar novos pedidos.
 
O Guarda da Lei, protegido pelo pálio formado por três mestres, procede ao fechamento do Livro da Lei.
 
Ouve-se um hino do irmão Mozart. O irmão Mestre de Cerimônia inicia o ritual de devolução do fogo, presente nos três altares das dignidades da Loja, a chama sagrada. Ele o faz portando um apagador sagrado. A vela acessa, em cada altar, que ilumina a Loja é como um espelho da chama sagrada. Elas dão testemunhos da Pura Luz, mas não é a Pura Luz. Semelhantemente a João - o batista.
 
O Segundo Vigilante da Loja anuncia, depois de apagada a vela do seu altar. – Que a Luz de sua beleza continue flamejante em nossos corações.
 
O Primeiro Vigilante da Loja anuncia, depois de apagada a vela do seu altar. – Que a Luz de sua força permaneça atuante em nossos corações.
 
O Venerável Mestre da Loja anuncia, depois de apagada a vela do seu altar. – Que a Luz de sua sabedoria habite em nossos corações.
 
O que é pó volta ao pó. O que é luz volta à luz.
 
- Em nome do Grande Arquiteto do Universo e em homenagem a São João, nosso patrono, está fechada a Loja de Aprendiz.
 
Ouve-se originada do altar do Venerável Mestre uma vibração do malhete. E em seguida dos altares das demais luzes da Loja duas outras vibrações, como que ecos. Retiremos em paz. A loja está fechada.
 
Os irmãos se retiram felizes e com os corações vibrantes. A esperança de que cada obreiro possa ser um melhor amigo, filho,  pai, enfim, um melhor companheiro é o que animam estes obreiros da paz. É na conduta exemplar dos seus obreiros aonde repousa a ação efetiva da Ordem.
 
No mundo profano a Ordem viva está presente na ação efetiva de cada obreiro. O cosmo sagrado, celebrado no Templo, é um roteiro do caminhar na direção de uma sociedade cada vez mais justa e perfeita.
 
Este caminhar é iniciático no sentido que se constitui em subida de degraus. Em que cada degrau representa a morte do homem velho e a ressurreição do homem novo.
 
Quando o obreiro adentra no Templo para a realização de mais um dia de trabalho, as velas são acessas no sentido simbólico do nascimento do homem novo. Quando a Loja é fechada as velas são apagadas em respeito ao homem velho morto que permitiu o nascimento do homem novo. Em cada obreiro participante da sessão da Loja encontra-se um novo homem que a Loja devolve a sociedade. Um homem melhor qualificado como um portador da Luz do Grande Arquiteto do Universo em seu coração.
 
Todos se retiram do Templo, exceto três mestres maçons encarregados da sagrada missão de adormecer o símbolo da Chama Sagrada. E assim no recinto habitado pelo silêncio e por três homens sagrados ouve-se o último pedido.
 
- Que o Grande Arquiteto do Universo nos conceda a graça de adormecermos a luz do Templo, conservando-a flamejante em nossos corações.
 
- Que assim seja.

Hiran Melo
(Este texto se refere ao Rito Adonhiramita do Grande Oriente do Brasil - GOB)