Onde queremos chegar como Maçons?

Dignos, justos e fraternos, seria essa a utopia que perseguimos? Um maçom por definição é um sonhador esperançoso, pois somente com sonhos e esperança se espera explicar como podemos nos dedicar tanto a algo tão etéreo tão efêmero enquanto toda a humanidade caminha em rumos opostos.

 

A cada dia vemos mais um pedaço da nossa atual civilização se partir, e o

máximo que conseguimos é olhar os jornais e bocejar, as mesmas noticias, as mesmas mortes, os mesmos suplícios, e caminhamos a passos largos para o abismo que construímos. Será que ainda existe tempo para voltar atrás?

 

A própria maçonaria passa por tremendas dificuldades no que tange a sua

identidade, o que somos hoje? E ai volto a pergunta no topo deste texto, onde queremos chegar como maçons?

 

Se somos livres e justos deveríamos colocar esta liberdade e justiça em prol da humanidade que juramos ajudar a prosperar sob os auspícios do GADU, mas tudo se abate e perde sentido quando conseguimos uma alquimia inversa a da proposta pelos sábios antigos, em vez de transformarmos o pesado chumbo em ouro, transformamos o resplandecente ouro em chumbo, a lógica da evolução se inverteu e por mais que tenhamos conhecimento, somos muitas das vezes uma farsa, já que conseguimos ficar

horas discutindo sobre fraternidade e igualdade, mas não conseguimos mover um dedo para afirmar tudo que nossas bocas dizem.

 

Pedreiros deveriam construir, e nossos antepassados nos deixaram muitas provas deste simples e óbvio ensinamento, tanto que hoje, séculos depois de sua passagem sobre a terra seguimos seus passos tentando levar ao mundo as idéias e sonhos daqueles que nos precederam. Mas existem pedras no caminho.

 

Somos um clube de cavalheiros somente ou homens dispostos a se dedicar a uma causa que abraçamos quando recebemos a luz que brilha no delta misterioso que repousa em nossas lojas?

 

Quantos de nós já se perguntou onde estava indo? Onde queria chegar?

Delegado, Venerável, Grão Mestre, Vigilante, Ministro, será que nosso objetivo é cargos? Ou então pior, ficar eternamente agarrado a uma coluna que com certeza uma hora ira ruir com o peso da inércia que nos toma conta?

 

O mundo gira, nossa vida e alma por séculos e séculos busca evolução, nosso interior clama por isso, mas conseguimos ainda transformar ouro em chumbo, quando transformamos o sagrado em profano e deixamos nossos irmãos ao largo de nossas vidas, somos estranhos dentro de nossa própria casa, nossas insígnias não unem mais, nosso aprendizado esta enterrado nas masmorras que deveriam abrigar nosso vícios e vaidades, quando olhamos para o Norte vemos esperança de renovação mas será que quem olha para o Sul vê responsabilidade e sabedoria? Roguemos então que o GADU nos ilumine no Oriente. Mas somos pedreiros e não podemos esperar que milagres aconteçam, devemos agir, o GADU nos deu os tijolos (nosso irmãos) nos deu a sabedoria e ensinamentos (nosso alicerces) nos deu a fraternidade e amor (nossa argamassa) temos nossas ferramentas então nos falta projeto e ação.

 

O que queremos construir? Ou o mais importante o que deveremos destruir para começar a construir?

 

Podemos começar tirando a erva daninha da inveja e inércia que impera em

nosso solo, nosso piso mosaico devera ser construído com a universalidade de sonhos e esperanças que cada irmão carrega em seu coração, ombro a ombro, lado a lado, diferentes mas iguais.

 

Depois começaríamos a levantar nossas colunas, a do Norte com o frescor vindo da nova vida que nasce, as sementes regadas com amor, carinho, e sabedoria, o sábio compreende que muitas vezes o exemplo vale mais que mil ensinamentos então que esta coluna seja divina pelo fato de ali estar contido a continuidade, que ela seja sempre renovada para que não esqueçamos que tudo renasce e deverá sempre renascer. 

Que o sol ilumine e guie as novas gerações, que saibamos dar o exemplo.

 

Então a coluna do Sul, onde a sabedoria e experiência se colocarão a serviço dos irmãos, a idade de um mestre é a formula de que ele precisa para poder mostrar muitas coisas a seus aprendizes, a oficina deverá trabalhar e produzir, o sol renovador do Norte devera resplandecer no Sul, e a prudência e conhecimentos do Sul deverão guiar esta nova luz enquanto seus raios iluminam as trevas de mais uma existência. 

O Sul guia e instrui, ajuda a construir e a fomentar as raízes das magníficas almas que renasceram. Que esta coluna seja forte e severa, mas seja bela e harmônica afinal mestres já deveriam saber construir uma coluna assim, ou não?

 

As colunas devem se completar, elas sustentam nossas lojas e para que esta obra seja divina, que no Oriente brilhe a sabedoria divina do GADU, que o assento ali colocado seja ocupado pela emanação divina, mais do que sua representação, que a própria emanação de Deus nos guie, mas teremos que ser dignos disso. Não precisamos de santos, mas precisamos de honra para conseguir isso, e homens honrados devemos ser. Mais do que refletir luz devemos saber absorvê-la, mais do que ensinar devemos saber aprender, mais do que guiar devemos as vezes pedir ajuda para achar o caminho, mais do que o pai devemos ser o filho e o irmão, a humildade deve ser o nome do assento colocado no Oriente e ao seu lado deve estar a honra, esta ultima por si só deveria bastar para afastar dali todos que caminham para o Oriente em busca de realizações dispares e alheias aos objetivos maiores do que a harmonia das nossas lojas.

 

Que nossas portas sejam protegidas por fidelidade e que nossas famílias saibam que irmão defende irmão, afinal estamos ombro a ombro. Nossas insígnias devem ser o escudo a afastar o mal que ronda nosso dia a dia,

devem elas também representar esperança pois onde houver um maçom haverá de estar com ele a justiça, a liberdade e a coragem. 

Que os filhos se orgulhem de seus pais e não temam as vozes injustas e

perseguidoras que os caluniam. A verdade sempre prevalece, mas uma afirmação sem ação é uma mentira, então a ação meus irmãos.

 

Que nossos joelhos se dobrem somente no humilde ato de aprendizes que somos e somente para honrar aquilo que ilumina nossas existências bem como para ajudar um irmão que caído a beira do caminho pede ajuda (espero que aqui já tenhamos aprendido que somos irmãos desde o dia que nossas almas reencarnaram neste lindo e sofrido planeta, nossas iniciações só reafirmam isso), devemos arrancar de nossos corações tudo que nos torna infiéis aquilo que tentamos proteger e perpetuar.

 

Que o altar perene de nossos juramentos seja nossa consciência onde todo santo dia iremos reafirmar a nossa firme decisão de aprender a sermos aquilo que tanto buscamos, possamos com a ajuda do GADU manter acessa a chama que brilha dentro de nossos corações.

 

Que a cadeia de união que nos une crie não vários irmãos, mas um só, que

possamos ser iguais e que consigamos fazer valer aquela frase “Somos muitos, mas somos um só” e como nossos predecessores consigamos manter um farol acesso dentro da escuridão de sofrimento e desespero que aflige a humanidade nestes dias obscuros.

 

Somos mortais mas nossa obra será eterna, afinal construímos a cada dia mais um pedaço das colunas que deverão estar firmes para as futuras gerações, que elas encontrem aqui o que um dia nós viemos buscar.

 

Não adianta perguntar ao irmão ao seu lado o que deves fazer, mesmo porque se és maçom com certeza as qualidades de livre pensador e homem capaz já lhe são bastante evidentes, abra seu coração a aquilo que te agrada e faça do mundo ao seu redor um campo fértil para todos que como ti esperam semear a esperança e justiça, que possam achar ai campo propicio ao crescimento.

 

Que o GADU possa nos iluminar.

 

Maço, Cinzel e Régua.....comecemos por ai.

 

VITRIOL

 

TFA

 * Cristiano Soares Gomes de Castro

Mestre Maçom

Sinop – MT