OS QUATRO TEMPERAMENTOS

O que são? Qual o sentido de estudá-los e compreendê-los? Porque são em número de 4? Na antiguidade, os temperamentos, ou o conjunto de fatores constituintes de uma personalidade, estavam ligados aos humores; a predominância de um ou outro designava um tipo específico. Distinguiam-se 4:

 

  • Melancólico
  • Fleumático
  • Sanguíneo
  • Colérico

 

O Eu, que é nossa verdadeira essência, utiliza do temperamento como um meio de expressão de si mesmo. O temperamento é a atitude que a alma expressa no corpo.

 

 

 

Data de muitos séculos anteriores à nossa época a teoria dos 4 elementos defendida por Empédocles. Aristóteles, no século IV A.C. conservou o esquema deste sobre os elementos primordiais ( terra, água, ar , fogo), associando, no entanto, a cada elemento, uma qualidade.

Rudolf Steiner, quando fala de temperamentos, se refere às 4 formas distintas que Aristóteles e Hipócrates reconheceram e descreveram, e vai mais profundamente ao significado e gênese dos mesmos, relacionando-os aos corpos constitutivos do homem: corpo físico, corpo etérico, corpo astral, e o corpo da individualidade, o “Eu” 

 

O homem é um ser infinitamente complexo. O temperamento é uma faceta, a atitude da alma expressa no corpo; é ligado ao lado dela que se relaciona com o mundo, que vai em direção ao outro.

O Eu, que é nossa verdadeira essência, utiliza do temperamento como um meio de expressão de si mesmo. O temperamento é uma forma de compreensão entre as pessoas e é nesse espaço que ele se dá, ou seja, no espaço essencialmente humano.

 

Personalidade, portanto, é a parte interior da alma humana, a parte que se volta ao Eu, e a parte exterior é unida ao temperamento. Personalidade, por assim dizer, se mostra, se revela através dos temperamentos.

Como a vida da alma progride em níveis, de um estado inicialmente egoísta para o altruísta, segundo a fase evolutiva do ser humano, os temperamentos dependem do estágio de desenvolvimento da personalidade. Eles podem estar mais voltados para o ego, ou mais à serviço do mundo, e sua manifestação é diferente segundo essa relação de si para si, ou de si para o outro. Assim, pouco ou nada tendo a ver com caráter ou moral, o temperamento é como o manto da individualidade.

 

A finalidade de estudá-los, não deveria ser para encaixar as pessoas em um tipo definido, mas antes, a de compreender e saber discernir o que predomina na alma de uma pessoa para fins educacionais e terapêuticos. A procura de uma compreensão mais profunda da natureza humana, através da contemplação, do espírito devocional e sagrado, conduz à um discernimento da complexidade das predisposições temperamentais. A atitude do educador ou do terapeuta é aquela que reproduz em sua própria alma a alma do outro, fazendo reviver sua imagem neste lugar interno onde sabemos existir uma ligação com forças divinas.

 

Assim, na relação com os elementos da natureza, os temperamentos se conectam da seguinte forma :

Colérico: Fogo – Muita energia – Muita excitabilidade

Sanguíneo: Ar – Pouca Energia – Muita excitabilidade

Fleumático: Água – Pouca Energia – Pouca Excitabilidade

Melancólico: Terra – Muita Energia – Pouca Excitabilidade

 

No tocante à relação do temperamento com os 4 membros da natureza humana, é diferente para o adulto e para a criança, sendo que nesta, aparece um tanto deslocada. A criança tem uma outra substância física , e o jogo de forças dos elementos atua de forma diversa. Ao ser transmitida ao plano físico, a essência do ser humano não está propriamente terminada porque a educação e a instrução são os instrumentos para a formação do homem integral.

 

Desta forma, quando no adulto impera o Eu, dá-se o temperamento colérico – na criança, o melancólico; quando no adulto impera o corpo astral, dá-se o temperamento sanguíneo – na criança, o colérico; quando no adulto impera o corpo etérico, dá-se o temperamento fleumático – na criança, o sanguíneo; quando no adulto impera o corpo físico, dá-se o temperamento melancólico – na criança, o fleumático.

 

Rudolf Steiner estabelece também duas qualidades que constroem os 4 temperamentos: excitabilidade e energia. Energia enquanto poder e força, ligadas ao pólo metabólico, à vontade, e excitabilidade, o grau de sensibilidade e capacidade de reação, ligadas ao pólo neurossensorial.

 

Diferentes combinações entre excitabilidade e energia constituem os 4 tipos de temperamento. Para Goethe a cor é o resultado entre luz e trevas e o temperamento é um fenômeno similar que ocorre na alma humana.

 

Luz – mesma natureza que o pensamento: colérico e sanguíneo – leveza.

Trevas – mesma natureza que a vontade: fleumático e melancólico – peso

 

A chave para o diagnóstico é procurar pelo temperamento que não está presente – o temperamento polar oposto é o principal. Os temperamentos também estão relacionados ao tempo e às faixas etárias:

 

Passado: melancólico

Presente: fleumático e sanguíneo

Futuro: colérico

Infância: sanguíneo

Juventude: colérico

Maturidade: fleumático

Velhice: melancólico

 

Eliane Utescher

 

Fonte: https://www.antroposofy.com.br/forum/os-quatro-temperamentos/