PANDEMIA e COMPORTAMENTO MAÇÔNICO

Desde 2012 que estudo e pesquiso sobre comportamento organizacional na Maçonaria. Tenho livros e artigos publicados a respeito, além de lecionar o tema em nível de graduação e pós-graduação. E uma das bandeiras que venho defendendo em todos esses anos é da necessidade de se desenvolver e treinar novas lideranças para a Maçonaria.

A atual pandemia e os reflexos do distanciamento social sobre as organizações maçônicas têm imposto essa realidade e necessidade aos olhos de quem quiser ver. Nesse sentido, lembro-me que, em minha adolescência, meu pai me dizia que é fácil ser bom quando tudo está bem, mas que sabemos quem realmente é bom quando tudo está mal.

Pesquisas indicam que avaliações cognitivas e afetivas geram comportamentos. Isso parece óbvio: você pensa, depois age. Mas, em alguns casos, ocorre o contrário: de tanto agir de uma forma, mesmo encarando fatos irrefutáveis, você se obriga a manter sua avaliação inicial, de forma a não contradizer suas ações. Por isso do uso do termo “aos olhos de quem quiser ver”.

No meio organizacional, adaptado à Maçonaria, algumas das avaliações e sentimentos envolvidos são: a satisfação com a Maçonaria, o envolvimento com a Maçonaria e o comprometimento com a Maçonaria. Este último possui três dimensões distintas: o comprometimento afetivo, que é o vínculo emocional e com os valores da Maçonaria; o comprometimento instrumental, que é a necessidade psicológica de permanência; e o comprometimento normativo, que é a sensação de obrigação moral de permanência.

Todas essas avaliações e sentimentos são positiva e diretamente moderados pelas atividades maçônicas e suas frequências. Assim, quanto mais frequente em atividades maçônicas, maiores as chances de satisfação, envolvimento e comprometimento afetivo, instrumental e normativo. Aqui, ressalta-se que há outras variáveis impactantes nessa relação.

Estudos e pesquisas indicam que o comprometimento afetivo está fortemente relacionado com desempenho e não tanto com a permanência ou evasão, enquanto que o instrumental baixo gera maior intenção de faltar e, consequentemente, se afastar.

Resumindo a equação, a falta de reuniões e outras atividades maçônicas desencadeará em uma redução da satisfação, do envolvimento e do comprometimento. E a consequência disso será um maior absenteísmo e uma maior evasão quando do retorno dos trabalhos maçônicos pós-pandemia.

E como frear esse fenômeno? As organizações conseguem minimizar esses efeitos por meio da Percepção de Suporte Organizacional (PSO) e da manutenção do engajamento dos membros. A PSO é quando os membros percebem que a organização os valoriza, apoia, e se preocupa com seu bem-estar.

Atividades que proporcionem a percepção de preocupação e cuidado para com os irmãos geram um aumento da PSO, bem como aquelas que proporcionem a manutenção de contatos e interações, mesmo que virtuais, retém o engajamento. Com isso, pode-se manter níveis esperados de satisfação, envolvimento e comprometimento, reduzindo as chances de absenteísmo e evasão.

Gestores maçônicos que proporcionam ações intelectualmente estimulantes, condições de apoio e oferta de ajuda, proporcionarão maior satisfação e envolvimento, levando à renovação do comprometimento.

É agora, “quando tudo está mal”, que veremos “quem realmente é bom”.

Kennyo Ismail

Fonte: https://www.noesquadro.com.br/