Paradoxo da Tolerância - Quando a tolerância se transforma em intolerância

No condicionamento social do maçom em sua loja, ele se defronta com a imposição do grupo de irmãos a ser tolerante, uma virtude a ser cultivada para permitir a convivência pacífica entre pessoas das mais diversas origens, crenças e filosofias.

Mas esse condicionamento é levado a exageros ao aceitar comportamentos inadequados e prejudiciais à convivência tolerável entre irmãos. Mesmo em presença de leis e regulamentos que especificam critérios de ações judicativas que determinam a exclusão de um membro da loja, existem corpos administrativos de lojas que lutam contra poluírem seus currículos, em não macularem a sua gestão ao terem de eliminar das fileiras dos maçons de sua loja algum irmão que incorre em infrações disciplinares que determinam tal punição.

Devido ao tratamento permissivo com o erro surgem situações onde os bons maçons se retiram definitivamente da ordem maçônica. São casos em que se exige postura firme e segura e onde a tolerância não é aplicável, deixando de ser virtude.

Karl Popper, desenvolveu um raciocínio conhecido como paradoxo da tolerância, também conhecido como paradoxo de Popper. De sua ótica, o agrupamento social que for tolerante demais, permite a criação sem restrições de ideias intolerantes, o que implica na sua destruição pelos intolerantes. A ideia que fundamenta seu pensamento implica que o grupo social que admite ações intolerantes destrói a liberdade e a tolerância do grupo. A tolerância levada ao excesso destrói a própria tolerância.

A loja que permite ações intolerantes onde existem leis e regulamentos penais que determinam o afastamento de um de seus membros, mina e destrói os princípios democráticos e tolerantes da sua própria associação. A tolerância ilimitada acaba por destruir os alicerces da sociedade tolerante.

Popper conclui que para manter a associação aberta, justa e perfeita é essencial a obediência aos limites para a tolerância estabelecidos em leis e regulamentos. Considera que a permissividade tem a influência de ideologias ou comportamentos que têm por objetivo destruir a loja por dentro ao propalarem tolerância demais para com os delitos, sejam leves ou graves.

O cerne do paradoxo de Popper defende o estabelecimento de limites que toda a loja deve aplicar e exigir para não abalar os alicerces que visam edificar templos às virtudes e cavar masmorras ao vício.

Toda loja que guia as suas ações judicativas pelas diretivas emanadas de suas leis e regulamentos tem mais chance de evoluir para tornar feliz à humanidade pelo amor e cumprir o desiderato do Grande Arquiteto do Universo e ver o homem evoluir a uma condição estabelecida em Seu projeto.

Charles Evaldo Boller

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