PERDÃO – UM TOQUE DE LUZ!

Deus que nos criou para o amor nos concedeu também um dom fundamental para podermos nos reconciliar com a vida e com as pessoas: o dom de perdoar.

Cada vez mais compreendo que nascemos do amor, temos o amor sempre dentro de nós, estamos no mundo para espalhar o amor, para aprender com ele, crescer e reencontrá-lo em sua forma mais plena.

Mas aprendi também que podemos ferir, magoar e prejudicar nossos semelhantes, mesmo as pessoas mais próximas e queridas. Carregamos ódios, ressentimentos, mágoas e culpas. A culpa, inclusive, foi sempre muito estimulada como um instrumento de dominação e poder. Tudo isso nos custa muito caro, nos maltrata, atrapalha nossa vida nosso crescimento.  Acima de tudo, ocupa nosso espaço interior, bloqueando a expressão do amor, e mobiliza uma energia que poderia ser direcionada para gestos positivos de entrega, solidariedade e afeto.

Perdão não é um gesto nem um processo fácil, mas que, uma vez interiorizado, tem um maravilhoso efeito libertador, essencial para nossa felicidade e nosso desenvolvimento espiritual. Aquelas feridas antigas que não temos forças para superar. As acusações que nós mesmos nos fazemos e que nos torturam, muitas vezes, paralisando nosso crescimento. Aqueles Irmãos que queremos trazer de volta para o nosso convívio, para nossa Loja, e mesmo os entes queridos ou mesmo conhecidos, que já partiram para o Oriente Eterno, com quem gostaríamos de entrar em contato para reparar atos de omissão ou agressão cometidos contra eles quando ainda viviam. Mesmo estando do outro lado da vida, têm a mesma preocupação quanto a nós: querem os ajudar a ficarmos bem deste lado da vida. Porque é aqui que aprendemos. Vamos fazer as pazes com nossa consciência. Vamos nos livrar de culpas. De tornar o mundo à nossa volta mais hospitaleiro, sem a pressão de julgar nem de ser julgado. Um mundo no qual podemos buscar exercer o amor e encontrar nossa espiritualidade.

Sim, perdoar não é nos submetermos àquilo que pode nos fazer mal, nem esquecer o que nos prejudicou. Não significa ser simplório, nem desconhecer o mundo. Pelo contrário, é pura sabedoria. É um ato de superação, de aprendermos a nos proteger sem ressentimentos. De transformar o que aconteceu em experiência e crescimento.

Quem já não sentiu, um dia, que a raiva que alimentamos por outra pessoa está envenenando nossa vida, consumindo uma energia que podemos empregar de modo mais produtivo?  Que está nos fazendo mal? Chega uma hora em que nosso coração, nosso corpo, nossa mente, tudo nos diz que continuarmos carregando a mágoa está nos prejudicando demais. Que se insistimos, sem saber ao certo a razão, em manter aberta uma ferida que precisa se fechar, em vez de deixar para trás o que já passou, continuamos a reviver a dor e a raiva como se tudo tivesse acabado de acontecer. Sofremos inutilmente e não progredimos.

Pode acreditar: manter aberta uma chaga emocional só nos traz emoções e pensamentos negativos, que aumentam e se reproduzem até contaminarem todo o nosso espaço. Já o perdão liberta o coração, nos salva da posição de vítimas – aqueles que vivem privados da felicidade, que chegam mesmo a evitá-la – e nos devolve o comando do nosso próprio ser. Viver sob a culpa, tanto quanto sob o ressentimento, nos impede na prática de viver.

Tudo parte de uma nova compreensão. De um processo que pode ser difícil, longo, ter idas e vindas. De um desejo de resgatar o que é de fato importante, o que é mais caro pra nós. De abrir nossos corações.

Deus nos concedeu o dom de perdoar – essa dádiva maravilhosa – para que nenhum de nós se obrigado a carregar pela vida a mágoa e o ressentimento. Para que nenhum de nós seja obrigado a viver em função de uma ferida e da dor que nos causou e muito menos a transformar nossa vida nessa ferida, nessa dor. Perdoar não é algo que se faz pelo outro, mas é também um gesto de desapego e libertação, um benefício que podemos proporcionar a nós mesmos.

Valdemar Sansão – Mestre Maçom