Política da faixa única

 

Limitação da velocidade, grande atraso social.

Velocidade representando possibilidade e potencia a ser desenvolvida. Em uma estrada de uma única faixa, sem possibilidade de que haja ultrapassagens os carros mais potentes ficarão limitados a velocidades baixas. Haverá achatamento por baixo. Haverá tentativas de ultrapassagem pela contra mão e pelo acostamento. O fluxo reterá e haverá estagnação e caos em tudo.

 

Utilizar outras pistas permitirá aqueles que possuem maior potencia seguirem em suas possibilidades próprias dando fluidez e eficiência ao processo. Respeitando-se na realidade os limites de segurança e a todos que trafegam em maior ou menor velocidade. Ordem viabilizando todos os fluxos. Diferente da estagnação onde reina a latência.

 

Latência indicando limitação. Limitação indica retenção de fluxo, de eficiência de ordem e de dinamismo levando tudo ao caos.

 

Os homens têm potenciais diferentes e se esta diferença não for reconhecida tudo se achatará na mediocridade.

A vida não pode ser medíocre, a vida é fantástica em superar os obstáculos e em procurar os nichos de sentido presentes no universo.

 

O homem mais habilitado em alguns aspectos deve respeitar os menos providos, porque cada homem reflete em si os outros homens e se não cuidarmos dos menos desprovidos nós que sofreremos, não apenas individualmente, pois que seremos podados de nossa humanidade e de nossa essência social, que também se fragmentará.

 

Cada individuo é o interligar de muitos fios, pois que somos constituídos por um pedacinho de cada ser humano que existe. Ecoamos em nós o que o outro sente. Cuidar do outro é estar cuidando de si.

Devemos sim respeitar nossos companheiros de estrada, embora ao mesmo tempo devamos estimular, e não restringir, a potencia para que toda a sociedade se beneficie.

 

Querer sim que todos os homens sejam solidários, mas nunca limitando aqueles que podem viabilizar a existência da sociedade em sua mais alta possibilidade de existir.

 

A genética já demonstra que os homens são diferentes, até na capacidade de acessar planos superiores de existência. Querer que pessoas com determinada predisposição genética façam o que não lhes é habilitado é condenar-se a frustração. Porém quanto de latência tal pessoa poderá se eximir? Ou por outro lado o quanto de possibilidades poderemos propiciar aquele ser, mesmo que limitados em alguns aspectos? 

 

Nunca devemos deixar de investir no ser humano justamente com o objetivo de que o mesmo atinja o máximo de suas possibilidades pessoais; porém subverter o sensato seria desejar dar a este ser humano menos habilitado, em aspectos particulares, o poder de limitar aqueles outros, com potenciais diversos e mais amplos, naquele mesmo determinado aspecto.

 

Não se trata de eugenia ou de preconceitos, mas de se repensar a humanidade e retirar vendas. Não mais políticas nazistas ilusórias e idiotizadas, pois que o homem não se traduz em habilidades genéticas particulares apenas, pois que o homem é muito mais do que isto. O homem é um ser com potencial de se espiritualizar e de atingir seu mais alto sentido de ser. Esquecer esta possibilidade é se condenar a auto destruição; e sem solidariedade e igualdade de sentimentos volveremos aos abismos insanos das políticas de descriminação social. Por outro lado, embora não buscando oposição, a política atual de igualar todos à força fazendo com que grandes habilidades sejam achatadas é impedir a sociedade de progredir. Se as políticas autoritárias fascistas são aniquiladoras do sentido mais nobre do ser humano, também as políticas cegas que buscam à força igualar a todos são igualmente obsoletas e esterilizantes.

 

A igualdade está no respeito e em fomentar evolução, não em limitar ou constranger pelo medo, colocando de um lado pobres vítimas e de outros algozes cruéis.

 

Não é a maior capacidade particular que fará o homem escravizar o homem, mas sim a própria tendência primitiva ainda presente no homem. Uma tendência egoísta de domínio que está igualmente presente em providos e em desprovidos.

 

A luta de classes deve dar lugar à luta pela conquista de uma sociedade melhor. Não oposições, mas sinergia em torno de objetivo comum. O que deve ser combatido é o egoísmo.

 

Em uma sociedade de faixa única logo o caos reinará, pois que não é a mediocridade que se sobrepõe ao caos, mas a virtude, que bem utilizada trará prosperidade a todos.

 

Uma sociedade onde as habilidades sejam estimuladas, mas sempre com vistas à melhoria pessoal de cada indivíduo.

 

Beneficiar as minorias desprovidas, não é sinônimo de escravizar a sociedade às limitações. Simplesmente querer igualar a todos de qualquer forma, pelo achatamento, pela limitação das faixas é politica medíocre que trará um achatamento das vilosidades da sociedade.

 

Nosso intestino não é plano, pois que ricos em dobras, em vilosidades, repletas de nichos digestivos, nichos estes que como jardim cheio de ferramentas próprias a digestão de um sem número de nutrientes, portanto cheio de possibilidades. Querer achatar o intestino social retirando toda a riqueza humana de que este é portador é achatá-lo condenando-o a grandes limitações fisiológicas e fazendo com o corpo gradativamente mingue à fome e finalmente morra.

 

Vivenciamos um momento de grande achatamento onde o caos que se instala serve para camuflar a presença de uma política nefasta e inglória.

 

Corremos o risco de retorno as trevas.

 

As minorias menos favorecidas devem ser acolhidas pela sociedade com respeito e solidariedade, pois que somos todos iguais em humanidade, e tal é mais significativo que quaisquer trunfos evolucionários particulares. Porém neste acolhimento a sociedade não deve se privar de suas maiores possibilidades, que justamente permitiram maior riqueza e a consequente possibilidade de acolher dos menos favorecidos.

 

Não existe uma cornucópia mágica a permitir que governos distribuam riquezas sem fim sem que ao mesmo tempo estimule o trabalho digno e honesto.

 

Os governos de faixa única não apenas limitam as faixas, mas também estão estimulando a menor velocidade de fluxo nesta faixa solitária, favorecendo a acomodação e a inércia.

 

Não estão favorecendo as minorias, estão querendo transformar minorias em maioria. E quem vai viabilizar o fluxo?

 

Luiz Felipe Brito Tavares,

médico e escritor

São Bento do Sul – SC

Publicado originalmente em JBNews Nº 1.172