Prestando conta da sua vida aos outros...
Prestar é dar, conceder, dispensar, exibir ou entregar a alguém aquilo que lhe corresponde. Prestação é o processo resultante da ação de prestar. Conta, como substantivo, é uma anotação do que se deve. Eu poderia parar por aqui. A definição da expressão é argumento suficiente para lhe mostrar o quanto é desnecessário prestar conta da sua vida a qualquer pessoa que não seja você. Mas, infelizmente, o processo de libertação não é simples assim.
Enquanto dependentes de nossos pais, prestamos conta de nossos atos e escolhas o tempo todo. A criança corresponde aos pais, pois está sob a responsabilidade deles. Somos programados a agir dessa forma, desde o nosso primeiro ato consciente, entre humanos.
Com base em seus conhecimentos e experiências, nossos pais nos auxiliam e nos orientam no processo de tomada de decisão e construção da nossa personalidade. Infelizmente, esse processo não é livre de interferência. Por estarmos sujeitos à julgamentos, sem domínio dos conceitos de certo e errado, lidamos com a ‘obrigação de agradar’. O lado ruim de tudo isso é que nos viciamos na necessidade de aceitação.
Conquistamos independência financeira, mas continuamos prestando conta. O papel que cabia aos nossos pais na infância, se estende a muitos outros na vida adulta. Um pouquinho ali, um montão aqui. Quando notamos, já estamos lá, justificando o que não precisa, alimentando o poder dos outros sobre nós.
Quando damos conta, o problema está instalado. Então, percebemos que tão importante quanto a independência financeira, é a emancipação mental da necessidade de agradar os outros. ‘Os outros’ comporta uma multidão, cada um com suas vontades, defeitos e qualidades. É problema sem solução, é impossível atender às expectativas de tanta gente.
Quer ser livre? Comece sendo responsável por suas reflexões e escolhas!
Na busca contínua por aplausos, não aceitamos o fluxo natural da vida, prejudicando a nossa jornada de aprendizagem como seres humanos. Mesmo com toda inovação e tecnologia desenvolvida na área de navegação por satélite, quando estamos dirigindo em um trajeto desconhecido, com auxílio de GPS, uma hora ou outra, entramos em uma rua sem saída. Assim somos nós, mesmo com toda orientação e conhecimento acumulados no decorrer da vida, estamos sujeitos ao erro, pois tendemos a explorar o desconhecido. Se a regra for apenas seguir em frente, uma hora você vai ficar parado. Acionar a ré, lhe possibilita o próximo movimento. As possibilidades e as ferramentas existem para serem avaliadas e utilizadas. Não adianta lutar contra isso, o passo para trás tem que ser dado no momento necessário. Recuperando o movimento, você tem a oportunidade de escolher se retoma ou troca de caminho.
Quantas vezes, pensar sobre ‘o que os outros vão dizer’, definiu sua decisão sobre algo? Ao prestar contas o tempo todo, você se coloca na posição de devedor, assume dívidas que não existem, com inúmeros credores. Se você já teve uma dívida, conhece o efeito psicológico desse processo em você. Imagina agora essa dívida como infinita e todos que estão ao seu redor como credores. Parece um pesadelo, não é? Mas, na realidade, é isso que você faz com sua vida.
Já imaginou que cada um na multidão está assim, sofrendo para agradar e atender expectativas dos outros? Avalie um pouco mais e visualize que todos estão, ‘coincidentemente’, na posição de sofredor e de opressor, precisando que alguém tenha coragem para quebrar esse círculo vicioso de julgamento. Se quer parar de sofrer, comece parando de oprimir. Der ao outro o direito de escolha. Pare de repetir regras. Pare de enxergar as pessoas como produtos resultantes de uma linha de fabricação seriada. Afinal, não existe especificação definida para ser humano. Apenas ser...
Abraços!
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