Que se faz em vossa Loja?

Esse lugar é o centro do mundo. Tudo nele é sagrado. E as bênçãos fluem sobre nós como chuva caindo do céu!

Não devemos nos envolver em grandes argumentações com descrentes nem sentirmos qualquer necessidade específica de convencer quem quer que seja do que sabemos. Simplesmente devemos nos expressar através de nossos escritos.

Quanto mais nos mantivermos ocupados e envolvidos com nossos próprios projetos e objetivos na vida, menos nos importaremos se os outros irão acreditar em nossas verdades ou viver de nossa maneira.

Com muita freqüência, sentimo-nos vítimas de quem nos quer impor sua opinião sobre o que deveríamos fazer ou como deveríamos viver. Chama-se Loja o retiro silencioso dos homens de boa vontade, o Templo da caridade, do amor da educação cívica, onde se congregam homens honrados para elaborarem a redenção dos povos e progresso da humanidade.

Efetivamente, a Loja Maçônica é uma reprodução, um ponto pequeno do planeta, com sua abóbada azul, com seu sol, sua lua e suas constelações de astros que contam incessantemente a grandeza do Criador.

A universalidade da Instituição Maçônica, seu cosmopolitanismo, sua sã moral e salutares princípios, eternamente belos como a criação, estão representados na Loja, cujos atributos e símbolos falam sem cessar da alma humana, do idioma da razão, do dever e do cumprimento exato de sua missão sobre a terra.

É na Loja que se olvidam as preocupações, que se calam os receios, se perdoam os agravos, as ofensas, a injúria, a afronta, se consola os muitos sofrimentos e se avivam as esperanças. Aí se caminha sem curvas, derrama-se uma lágrima por todo o prazer legítimo, se aplaude toda ação nobre. Também ali se conciliam desencontradas ideias, interesses opostos, contrárias crenças. Ali está o mundo, laboratório permanente do bem.

Na Loja se educa o caráter, se aviva a inteligência e se cultiva o espírito. Ela é o refúgio, aonde vamos em busca da paz da alma.

Quando estamos em Loja, com os Irmãos a nossa volta e a ouvir o que seus corações nos dizem, sentimos a alegria e a paz que o lugar transmite. Sentimos a energia de amor incondicional que os Irmãos representam. Meditamos, aprendemos a esperar e trabalhar e saímos com a sensação de que nos comunicamos com algo divino.

Contudo, nem sempre nos reconhecemos na ação.

Apesar de nossas imperfeições, o CRIADOR teima em nos oferecer infinitas oportunidades, todos os dias, mesmo naqueles em que nada parece dar certo, sentimos Sua contagiante presença.

Meus olhos são pequenos para ver minha Loja que se esvazia aos poucos como um rio que corre e desaparece. Os Irmãos vão se afastando, pedindo licença, adormecendo, mudando...Nada tento para dominar o fim. Eu também sou culpado...Minha Loja se esvaziando do bem mais precioso, seus filhos, meus amigos, meus Irmãos.

Comovido pergunto com a linguagem do coração: O que o SENHOR gostaria que nós, aqui, hoje, soubéssemos?

Vemos nas ruas, irmãos desesperançados ou arruinados, pobreza, sujeira, doenças, pedintes e moradores de rua que morre no abandono, de fome e inanição.

Compartilhamos com nosso óbolo na bolsa de beneficência e mesmo sendo tão pouco, que represente apenas uma gota no oceano, sabemos que sem essa gota o oceano não é o mesmo.

Se todos soubessem QUEM está ao seu lado, o medo, a dúvida seria impossível. Mas para encontrá-LO, precisamos meditar e preparar nosso coração, pois, nada na vida deve ser temido, apenas compreendido. Nossa amizade transforma-se numa parceria espiritual na qual nosso papel é ajudar um ao outro a crescer espiritualmente.

Ali o nosso pensamento cria a vida que procuramos, através do reflexo de nós mesmos e falamos nossas verdades, nos expressamos com sentimentos mais profundos, sentimos nosso coração e Deus. Demonstramos entusiasmo pela vida e irradiamos amor em tudo o que fazemos até contagiar todos os que estão à nossa volta.

Na Loja, abandonamos todos os julgamentos, fingimentos, hipocrisias e falsidades, porque lá não somos julgados. Ouvimos a voz que, silenciosamente, diz: “Estou aberta, venha sempre falar comigo. Você está aqui para aprender a servir e para evoluir mais e mais; para preocupar-se com o bem-estar de todos; dar aos outros e raramente pedir agradecimento; ter pena e amar verdadeiramente os menos afortunados; para se entristecer com a violência e ter respeito imenso e gratidão pelo Grande Arquiteto do Universo.

O equilíbrio entre as coisas más que poderemos fazer e as coisas boas que devemos realizar é que faz a diferença.

Todas as semanas dou de mim duas horas para mim mesmo, indo à Loja. Nenhum compromisso me impede do dever de estar lá. Essa é minha terapia, minha fuga para o reequilíbrio. É um costume que adquiri no tempo que estava na ativa. Vivia aquele caos. Só encontrava tranquilidade na frequência de minha Loja. A maioria dos problemas que necessitavam minha atenção no dia seguinte já havia sido solucionados e meus subordinados lidavam com um chefe não estressado.

Sempre que for à Loja, finja para si mesmo que essa é a primeira e última vez que passa por essa experiência. Isso fará com que veja com novos olhos e sinta entusiasmo por tudo que estiver fazendo. Enquanto dirigimos o olhar para o OLHO QUE TUDO VÊ inserido no triângulo ou Delta Luminoso colocado sobre o trono do Venerável Mestre que representa a presença permanente do Grande Arquiteto do Universo (Deus).

Aprendemos que nela o Sol, fonte de luz e o emblema da inspiração, da revelação, do conhecimento e do poder, está sempre nascendo (em algum lugar); o Orvalho que desce do Monte de Hermon nunca seca; usa-se o termo Orvalho para simbolizar o refrigério, a bondade divina que por meio da Natureza zela pelo bem-estar dos seres vivos. Esse Orvalho se equipara ao Amor entre os Irmãos.

Nesses trinta anos de Maçonaria não posso dizer de quantas Sessões participei, mas de uma coisa eu sei... Todas elas me nutriram e me deram a força que eu precisava para fazer o meu trabalho. Em todas as reuniões coloquei essa sugestão em prática. Finjo que é a primeira vez que faço isso e a experiência torna-se mais viva; ou imagino que é a última vez que lá estou “de pé e a ordem”, ou seja, na postura correta, em esquadria e novamente meu entusiasmo sobe às alturas.

O que sabemos é que o AMANHÃ não está assegurado a ninguém, jovem ou velho. HOJE pode ser a última vez que vemos o que amamos. Por isso amanhã poderemos lamentar não termos tido tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e ao atendimento de um desejo de um Irmão. Ninguém nos recordará pelos nossos pensamentos secretos. Peçamos ao SENHOR a força e a sabedoria para expressá-los. Demonstremos aos Irmãos o quanto são importantes para nós.

Quando aprendermos a perdoar, elevamo-nos acima daqueles que nos insultaram ou magoaram e esse ato de perdão põe um fim na discórdia.

Como decano de minha Loja, às vezes ouço queixas de Irmãos aborrecidos por causa de alguma coisa que alguém disse ou fez. Aí eu pergunto: “Suponhamos que você não soubesse o que disseram ou fizeram, ainda ficaria zangado? O Irmão responde algo como: “Claro que não. Como poderia ficar aborrecido por causa de alguma coisa que ignoro? Aí eu sugiro:

“Então não foi por causa de algo dito ou feito. Aquilo aconteceu e você só ficou zangado depois de saber do ocorrido, quando decidiu reagir por sentir-se afetado”. A compreensão de que ninguém pode nos deixar zangados sem nosso consentimento, começa a fazer parte de nossa consciência.

Compreendamos que o ódio e o julgamento significam o início dos problemas. Quando julgamos quem odeia e odeia quem julga, tornamos parte do mal e não do tratamento. É nossa conduta que nos torna criatura respeitável, e não a condição de membro das igrejas. O que nos faz sagrados é o modo como usamos nossas mentes como livre-pensadores, e não como e quando citamos as leis e landmarques.

Caríssimos Irmãos! Nenhum de nós vive para si mesmo; nós todos vivemos para a humanidade. Dediquemos à nossa Loja o trabalho de “jardineiros”, os esforços para construção de um maravilhoso jardim, usando as ferramentas do espírito e de nossos corações para servir de residência ao Grande Arquiteto do Universo.

O Maçom, em cujo coração arde o fogo do amor fraterno, está iluminado e inspirado por esse fogo e, por causa do mesmo amor, pratica nobres ações.

Valdemar Sansão

vsansao@uol.com.br