Reflexões sobre religiosidade, doutrina e ateísmo

O que é religiosidade?

 

Existe uma grande confusão em relação a religiosidade e seguir uma religião (doutrina) específica.

 

Por exemplo, quando nos conectamos à Natureza e desenvolvemos uma consciência ecológica onde brota um sentimento de devoção e respeito, onde passamos a ter uma relação de religiosidade (religação), nos sentimos integrados a ela e nossas ações se tornam sacramentadas perante a mesma.

 

Esse sentimento de religiosidade pode se refletir em muitos aspectos e não necessariamente em uma doutrina. Desde relações com pessoas (fortalecimento do sentimento de empatia e compaixão), trabalho (sacramentação do trabalho), meu próprio lar, no amor e respeito pelos animais, com a vida em si (alegria de viver)… na percepção que fazemos parte de algo maior.

 

Isso pode fortalecer no indivíduo vários aspectos como devoção, alegria, gratidão, integração, interesse no outro, serviço, paz, segurança interior, uma autoafirmação essencial e um sentimento de pertencer a algo maior (religação).

 

Esse sentimento de religiosidade cria um movimento de amor e altruísmo, de direção oposta ao egoísmo, onde nos sentimos algo à parte de tudo e por isso buscamos as coisas para nós mesmos apenas.

 

Portanto, é interessante notar que, muitas vezes, o Ateu pode ter mais religiosidade que um seguidor de alguma doutrina, como por exemplo aquele que vai a um culto, por temer a Deus, porque pode ser castigado por seus pecados, por exemplo, pois aí existe um movimento egoísta, não de religação (religiosidade). Vou por temer as consequências de meus atos.

 

Muitas vezes o Ateu pode sentir devoção e veneração perante ao Cosmos e ao “Todo” (Deus Onipresente – aquele que está em tudo e em todos e não àquele Deus Todo Poderoso, sentado ao Trono exigindo adoração e à espera para castigar os que o desobedecem).

 

Lembrando que todos tem um caminho individual a ser percorrido e podem encontrar verdadeiramente um sentimento de religiosidade em suas doutrinas, de pertencerem a algo maior, lhes trazendo conforto e paz e um movimento mais próximo do Amor, que os torna pessoas melhores e contribui verdadeiramente para o seu caminho individual.

 

É importante olhar que muitas vezes a família coloca a criança em cultos e doutrinas e estas não conseguem perceber essa religiosidade, não conseguem fazer essa conexão. O que pode criar uma aversão à Religião ou este movimento de obediência por temer a Deus. Muitas vezes a percepção dessa religiosidade na atuação de seus pais perante à vida tem um efeito muito mais positivo na criança…

 

Isto pode acontecer em todos os âmbitos, inclusive fora de doutrinas e mesmo dentro da Antroposofia, quando o conhecimento profundo de sua filosofia não atua de modo altruísta e sim egoísta e exclusivista, marginalizando o outro por suas crenças e escolhas, mesmo que sejam de âmbito exclusivamente individuais, contrariando o que coloca Steiner em relação à Liberdade e Impulso Crístico, ou seja, criando um movimento de separação e não de integração (religação), oposto ao caminho do Amor e Altruísmo.

 

Tudo que coloquei são apenas reflexões… acredito que a manifestação por si só é o grande milagre e que tudo tem um porque de ser.

 

Leonardo Maia

Fonte: https://www.antroposofy.com.br/forum/reflexoes-sobre-religiosidade-doutrina-e-ateismo/