Reuniões Virtuais

 

Apesar das inúmeras dificuldades e sofrimentos impostos pela Pandemia em curso, nós, Maçons - que historicamente sempre nos adaptamos e sobrevivemos - estamos nos valendo das reuniões virtuais para estreitarmos os laços fraternais e vivenciarmos maravilhosas oportunidades de aprendizado, num "tempo de estudos" que vai muito além do clássico "um quarto de hora". 

 

Tenho neste ano de reclusão pandêmica participado de reuniões virtuais quase que cotidianamente e a cada dia fico mais maravilhado com as preleções e palestras de nossos Queridos IIr.'. espalhados pelo Universo, que, bondosamente, compartilham conosco os frutos de seus estudos, pesquisas. meditações e experiência maçônica. 

 

Há um trecho de um artigo do Ir. Lewis Edwards ("The story of the fourth Temple", Ars Quatuor Coronatorum, Volume LXIX, 1957, p. 34), onde fica claro o respeito que o imperador Juliano tinha pelo estudo, pois é referido que ele, apesar de ter morrido muito jovem, com 32 anos, em 26 de junho de 363 d.C., era muito culto e versado nos Mistérios. Em uma das Cartas do imperador Juliano (Loeb Classical Library, Works of the Emperor Julian, Letter 51, vol. iii, pp.177 ff.) ele refere que os religiosos da época estudavam com pouca profundidade as coisas e por conta disso se equivocavam em seus entendimentos e interpretações muitas vezes. 

 

Na Carta referida consta: "Na minha opinião, não há razão para que seu Deus não seja um Deus poderoso, mesmo embora ele não tenha profetas ou intérpretes sábios. Mas a real a razão pela qual eles não são sábios é que eles não submeteram suas almas para serem purificados pelo curso regular dos estudos, nem permitiram que esses estudos abram seus olhos fechados, dissipando a névoa que paira sobre eles.... a partir do momento que estes homens, que estudam superficialmente as coisas, veem algum sinal da luz na névoa, mesmo com pouca clareza, eles já pensam que o que vêem não é uma luz pura, mas um fogo, e eles falham em discernir tudo o que os rodeia, clamando em alta voz: 'Tremam, tenham medo do fogo, da chama, da morte, da adaga e da grande espada!' assim procurando descrever o que não entendem." 

 

De fato, quer me parecer que o entendimento do imperador Juliano, nos idos do Século IV, já era no sentido de que pior que a ignorância é o meio-conhecimento...   Essa advertência do imperador Juliano, Queridos IIr.'., respeitados os entendimentos em contrário, me faz lembrar a frase contemporânea do físico Stephen Hawking:  “O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento.”

 

Deveras, o estudo superficial das coisas, sem o devido aprofundamento, leva a ao meio-conhecimento ("ilusão do conhecimento"), a equívocos por vezes lamentáveis, visíveis inclusive em nossa Ordem, em tantos quantos escritos, livros e rituais, tecidos no mais puro romantismo, plenos de achismos e invencionices de todo tipo. 

 

Isso nos anima, por certo, ao estudo dedicado e a meditação constante, não nos cabendo tomar a frase: "somos eternos Aprendizes" como justificativa para nos ajoelharmos perante o que desconhecermos e nos recolhermos em nossa ignorância, como faziam os homens pré-históricos... ao contrário, o real entendimento de que somos "eternos Aprendizes"  deve nos animar à leitura, à pesquisa, à meditação e à troca de idéias entre nossos pares, inclusive nos valendo deste maravilhoso instrumento que fomos levados a conhecer durante este difícil momento que vivemos: as “Reuniões Virtuais”.

 

Estudemos, pois, sem impor limites a investigação da verdade, sempre. 

 

T∴F∴.A∴, 

 

Ir∴ Ernesto Quissak

Enviado por WhatsApp no grupo da "Loja Alferes Tiradentes"