Salmo 133

Em 1 Reis 1:3 temos que o rei Davi, em idade avançada já não conseguia mais se aquecer, por mais que o cobrissem de roupas. Mas, eis que seus servos iluminados tiveram uma brilhante ideia: arranjar uma virgem, jovem, e bela para se deitar ao lado do rei para aquecê-lo. E assim foi feito, procuraram em todo o reino, e por fim acharam a bela Abisag, que passou a servir o rei. Os tempos são outros e obviamente os costumes também, mas a receita de aquecimento me pareceu bastante original e eficaz.

A Bíblia descreve Davi como o maior rei de Israel, e consta de que de sua linhagem descende Jesus. Viveu por volta de 1000 a.C.. Foi um rei muito popular. Na narrativa bíblica, ele é descrito inicialmente como apascentador de ovelhas e tocador de harpa na corte do rei Saul, mas ganha notoriedade ao matar em combate o gigante guerreiro filisteu Golias (quem já não ouviu a história de Davi e Golias?) ganhando o direito de se casar com uma das filhas do rei.

Depois da morte de Saul, Davi passou a governar e tornou-a o centro religioso dos israelitas, trazendo a Arca da Aliança. Expandiu os territórios sobre os quais governou e trouxe prosperidade a Israel.

A Davi são atribuídos diversos salmos da Bíblia, inclusive o salmo 133. Consta que Davi escreveu este salmo sob plena inspiração do Espírito Santo, levando aos cristãos ao cumprimento do propósito de Deus para eles de viverem como um corpo harmônico sob a liderança espiritual de Deus, vivendo em perfeita união para poderem interceder com eficiência em favor do bem de toda a humanidade.

Por mais que tenha acreditado e cultuado os conceitos da união fraterna, o rei Davi não conseguiu a adesão de sua família a esse princípio. Seus últimos anos de vida foram abalados por rebeliões lideradas por seus filhos Adonias e Salomão.

Eis, que Adonias exaltou-se dizendo: - Sou eu que vou reinar. Fez alianças, imolou animais e fez uma grande festa para comemorar, mas não convidou Salomão, seu irmão.

Eis então, que Salomão junto com sua mãe Betsabéia e o profeta Natã armaram um "três cantos" na cabeça do Rei Davi, dizendo que Adonias havia se auto-proclamado rei sem o conhecimento e permissão dele, blá, blá, blá.

Eis então, que o persuadido rei Davi proclama Salomão como seu sucessor ao trono. A notícia corre e logo chega aos partidários de Adonias, que acabam o abandonando à própria sorte, e tentando, agora se aproximar de Salomão (situação muito parecida com o que ocorre em nosso cenário político, onde a ideia central de muitos é a de estar próximos ao poder).

Eis então, que Adonias acuado e amedrontado procura se conciliar com o irmão Salomão, então sucessor ao trono, e eis, que Salomão, benevolente, acolhe o irmão, dizendo: - Se ele se portar como pessoa honesta, nem sequer um de seus cabelos cairá por terra; mas se for surpreendido em falta, morrerá.

Mas, eis, que Adonias comete um erro fatal. Acreditando na benevolência do irmão, lhe pede que conceda que a bela jovem Abisag (que serviu para aquecer o rei Davi), lhe seja dada como esposa.

Eis então, que Salomão, percebendo no inusitado pedido do irmão uma oportunidade para eliminar um adversário que ameaçava seu poder, ordenou à Banaias, filho de Joiada que decepasse a cabeça de Adonias, e assim foi feito.

(Salomão não era flor que se cheirasse).

Meus irmãos, talvez se decepcionem por eu não ter iniciado, nem vou terminar com "Oh, quão bom...", pois penso que esse Salmo já deve ser do pleno domínio dos irmãos. Penso também, que o conceito de união apregoado pelo salmo 133, é a principal coluna de sustentação dos ensinos maçônicos.

A ideia central deste trabalho, é a de ressaltar que somos seres inseridos em um contínuo processo de evolução, tenhamos ou não consciência disso. Ressalta-se que o suposto autor do salmo 133 não conseguiu inserir o conceito de união no seio de sua própria família, mas deixou um forte legado para que a posteridade possa aparar suas asperezas.

* Cláudio Américo

Loja Vera Lux nº 127 - Maringá-Pr.

Publicado originalmente na "Folha Maçônica" Nº 472.