Saúde, produtividade e felicidade no ambiente de trabalho
Cada vez mais me convenço de que a felicidade é um conjunto de coisas, não algo a ser buscado como um fim. Na verdade, ao longo da nossa jornada, passamos por tantos episódios que é mesmo complicado definir esse sentimento, tão particular para cada pessoa. Pensando de um jeito bem objetivo, a tal felicidade nada mais é que a percepção positiva que temos do saldo daquilo que nos acomete de bom e de ruim. Acreditem: ser feliz também inclui trabalhar com algo que nem sempre nos dá satisfação, resolver problemas que nos parecem enormes e complicados e, claro, lidar com pessoas difíceis. Tudo na vida tem dois lados. O fato é que não podemos somente ser felizes, nem saudáveis, apenas aos finais de semana.
Na minha carreira, busquei encontrar a felicidade em diferentes momentos e optei por persegui-la, mesmo quando as coisas se tornavam complicadas. Entretanto, os tempos modernos trouxeram diferentes aspectos que fizeram com que esse equilíbrio não estivesse mais presente em algumas empresas. Vejo estagiários, executivos e diretores estafados, com problemas de saúde e psicológicos graves, sem nem se dar conta que são, em boa parte, responsáveis por isso.
Negligenciamos o nosso próprio corpo em relação aos demais fatores. Encontramos tempo para as reuniões, relatórios, cursos de aperfeiçoamento, palestras, inglês e congressos, mas não temos mais agenda para cuidar da própria saúde. Atividade física e até mesmo nossos momentos de descanso e lazer se tornaram ocasionais, um respiro da rotina, quando, na verdade, deveriam nos exigir tanta disciplina quanto a que temos para tomar remédio. Já estamos tão sobrecarregados com o mundo corporativo, que evitamos nos comprometer com outras coisas, por maiores que sejam seus benefícios, não é mesmo? Não deveria ser.
E se fosse possível reunir práticas saudáveis dentro do ambiente corporativo? Estimulá-las? Fazer com que se tornassem parte das conversas no horário de almoço? Esse tem sido um dos maiores desafios das áreas de recursos humanos de todos os setores. Ao contrário do que se imagina, os benefícios corporativos não são oferecidos apenas para atrair e reter talentos, eles precisam buscar, também, o bem-estar e a produtividade dos colaboradores – e já existem jeitos diferentes e modernos de fazer isso. A tecnologia, que nos permite maior flexibilidade de horários, também pode ser nossa aliada para as atividades físicas.
Vivemos uma fase em que a área de recursos humanos também se utiliza da tecnologia para compreender o comportamento dos seus funcionários. Cada vez mais utilizamos os dados que extraímos da rotina de cada colaborador (Business Intelligence) para entender suas motivações, necessidades e a relação de tudo isso com os custos da companhia, que podem ir desde vale transporte até os planos de saúde. É possível analisarmos se o profissional se desloca muito em viagens, quanto tempo faz de horas extras, se está se alimentando corretamente e as relações que isso têm com sua produtividade, absenteísmo e, por fim, como isso impacta na qualidade de vida tanto pessoal quanto corporativa.
Os custos com assistência médica só são menores que os da folha de pagamento e isso, além de pesar no bolso de quem contrata, é um alarmante sintoma de que precisamos direcionar nossos profissionais a se prevenirem. Chega de apenas cobrá-los uma melhor performance: precisamos estimulá-los a serem mais felizes e ativos. Já ouviram falar que gente feliz não incomoda? Pois bem. Gente feliz é mais leve, mais conectada ao seu entorno e, consequentemente, mais disposta, ativa e capaz de resolver problemas. Optemos por empresas saudáveis, não só na teoria, mas também na prática. Visemos isso. Por experiência própria, o sucesso da companhia é consequência do sucesso individual – e não custa caro.