SÍMBOLO, ALEGORIA E EMBLEMA

Em linhas gerais, o ensino maçônico abrange História da Maçonaria, Ritos, Ritualística e Liturgia, Simbolismo, Direito e Legislação Maçônica, Administração Maçônica, Ética e Moral Maçônica, Filosofia.

Todavia, a Maçonaria transmite a maior parte das suas ideias e seus ensinamentos através de símbolos, alegorias e emblemas. Daí a importância do estudo do simbolismo.

Os símbolos, na Maçonaria, são uma forma de transmissão velada, exatamente para que seus ensinamentos e ideias sejam acessíveis somente aos Iniciados. Os não Iniciados, por maior esforço e livros que leiam sobre Maçonaria, jamais chegarão ao conhecimento dos augustos mistérios maçônicos. Esta sé uma prática comum adotada por várias escolas iniciáticas do passado.

Em muitos estudos maçônicos, escritos ou orais, são feitas referências ora a símbolos, ora a alegorias e emblemas. No entanto, nem sempre fica claro para o estudioso maçom o que vem a ser símbolo, alegoria e emblema.

Quando citamos, por exemplo, isoladamente, o Compasso, ou o Esquadro, sob o ponto de vista do simbolismo maçônico, estamos nos referindo a eles como símbolos. Todavia, quando juntos, Esquadro e Compasso formam um emblema. Assim, quando temos juntos Compasso, Esquadro e Livro da Lei, temos as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria. São Luzes porque levam ao esclarecimento, à sabedoria, ao conhecimento. Essas Luzes, isoladamente, podem ser vistas como símbolos, mas quando reunidas, formam um Emblema na Maçonaria.

Mas vamos, passo a passo, fazer a distinção necessária entre Símbolo, Alegoria e Emblema.

Símbolo, segundo o Ir. Joaquim Gervásio de Figueiredo é a representação gráfica ou pictórica de uma ideia ou princípio. Assim, quando nos deparamos em um texto maçônico com uma escada podemos interpretá-la como um símbolo, ou seja, como uma representação pictórica que exprime a ideia de ascensão.

No dizer do Ir. José Castellani os Símbolos Maçônicos representam a maneira velada através da qual a instituição maçônica dá, aos seus Iniciados, as lições de moral e ética, que fazem parte de sua doutrina. E eles são, de maneira geral, os instrumentos ou figuras, ligados à arte da construção, e tanto podem ter uma interpretação alegórica, ou mística.

Embora haja uma certa liberdade quanto à interpretação dos símbolos é bom que se diga que eles têm uma origem definida e têm significados específicos. Assim, não é lícito em nome de um pretenso esoterismo ou ocultismo sair por aí dando interpretações completamente descabidas. A Loja Maçônica não é um lugar de psicanálise, onde cada qual interpreta os Símbolos como lhe aprouver, diz o Ir. Theobaldo Varoli Filho. Isto ele fala em resposta àqueles que afirmam que as Colunas Vestibulares são os órgãos masculino e feminino, que o Esquadro e o Compasso unidos representam o coito, que a letra “C” alude ao órgão gerador masculino. Ora, tudo isso não só é pura licenciosidade, como tolice e irresponsabilidade, pois não atenta para um mínimo de lógica, coerência e bom senso.

Portanto, a liberdade na interpretação dos símbolos, deve vir acompanhada da necessária responsabilidade.

Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada. Alegoria é palavra de origem grega que significa “falar de outra maneira”. No dizer do mesmo Irm. Castellani, representa uma imagem literária, que, além do siginificado literal, possui um sentido oculto, sendo, as abstrações, ou coisas inanimadas, representadas por personagens, situações, ou enredos e, sempre, através de uma contínua linguagem figurada. Em geral, as alegorias envolvem ensinamentos de ordem moral. Na Maçonaria, muitas lendas utilizadas em seus vários graus, são puras alegorias.

Um exemplo típico de uma alegoria é o quadro de um Aprendiz desbastando uma pedra bruta. Por isso se diz “Painel Alegórico do Aprendiz”. Ao observarmos esse quadro extraímos imediatamente vários ensinamentos ocultos relativos ao aprendizado do primeiro grau. Já o Painel do Grau de Aprendiz está repleto de símbolos relativos à arte da construção. Devido a isso, ele é chamado de Painel Simbólico do Grau de Aprendiz. Mas também existe um Painel no Grau de Aprendiz contendo alegorias. É chamado de Painel Alegórico do Grau de Aprendiz.

Emblema é o distintivo ou insígnia de uma dada instituição, sociedade ou associação. É a mais simples representação de uma ideia. Em geral o emblema não requer grandes interpretações, pois o seu significado é fixo e de rápida percepção, o que o diferencia bastante de um símbolo ou uma alegoria. Assim, quando vemos uma âncora, de imediato, a ideia que nos vem à mente é a Marinha. Uma mulher com os olhos vendados, segurando em uma das mãos uma balança e na outra uma espada, nos leva à associação, de pronto, com a Justiça. Um Esquadro e um Compasso com a letra “G” ao centro, lembra a qualquer um, maçom ou não, a Maçonaria. Uma pomba, a paz.

É importante, ainda, ressaltar que, embora os símbolos maçônicos sejam praticamente os mesmos nos vários Ritos, no que diz respeito ao Rito Moderno eles devem ser interpretados sob os aspectos ético e ideológico, excluindo-se interpretações de ordem metafísica, mística ou religiosa. Isto porque o Rito Moderno, embora deísta em sua origem, evoluiu sob a influência do iluminismo. Assim, a interpretação dos símbolos no Rito Moderno deve ser feita basicamente sob a ótica do racionalismo, entendendo-se este como a posição filosófica que afirma a primazia da razão humana. Nesse sentido, o Delta Radiante, nos Ritos teístas simboliza a divindade, enquanto no Rito Moderno (Triângulo Luminoso) representa a ciência que ilumina e há de iluminar sempre e cada vez mais a humanidade. O olho aberto, no interior do Delta, simboliza a sabedoria que observa e prevê a vitória do bem sobre o mal.

Vejam, portanto, como varia a interpretação de um mesmo símbolo de um Rito para outro. Isto contudo não significa que a interpretação desse ou daquele Rito é a mais correta. Significa apenas que, em Maçonaria, a interpretação de um determinado símbolo deve levar em conta os princípios e diretrizes estabelecidos pelo Rito.

Robson Rodrigues da Silva

Bibliografia consultada:

CASTELLANI, José. Consultório Maçônico. nº 1, Londrina, Editora “A Trolha”, 1990.

Dicionário Etimológico Maçônico – vol. P. Q. R. S. Editora “A Trolha”, 2002.

COSTA, Frederico Guilherme e CASTELLANI, José. O Rito Moderno — a Verdade Revelada, Londrina, Editora “A Trolha”, 2005.

FILHO, Theobaldo Varoli. Simbologia e Simbolismo da Maçonaria. Londrina, Editora “A Trolha”,2000.

RODRIGUES, Raimundo. A Filosofia da Maçonaria Simbólica. Londrina, Editora “A Trolha”, 1999.

SILVA, Robson Rodrigues da. Reflexos da Senda Maçônica. São Paulo, Editora Madras, 2004.

Fonte: https://lojadeestudossabedoriatriunfante.blogspot.com.br/