Solstícios, Equinócios e a Maçonaria

Meus caríssimos Irmãos, quando nós somos iniciados, passamos a estudar e entender assuntos que jamais iriamos apreciar entre eles estão: o solstício e o equinócio, então resolvi descriminar ambos para termos ideias mais claras.

Na astronomia, solstício vem do latim sol, mais sistere (que não se mexe) é o momento em que o sol, durante o seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os  solstícios ocorrem duas vezes por ano, uma em Junho e outra em Dezembro. O  dia e a hora exactos variam de um ano para outro quando ocorre no Verão significa que a duração dos dias são mais longas e, quando ocorre no Inverno, significa que a duração da noite são mais longas. este fenómeno está associado ao eixo de rotação da terra, cuja posição é inclinada a 23,5° em relação ao seu próprio eixo. Durante os solstícios, o sol permanece ao máximo da linha do equador. No hemisfério norte o solstício de Verão ocorre por volta do dia 21 de Junho e o solstício de Inverno por volta do dia 21 de Dezembro; estas datas marcam o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. já no hemisfério sul, o fenómeno é simétrico: o solstício de Verão ocorre em Dezembro e o solstício de Inverno ocorre em Junho.

Os momentos exactos dos solstícios, que também marcam as mudanças de estação do ano, são obtidos por cálculos de astronomia; os trópicos de câncer e capricórnio são definidos em função dos solstícios; no solstício de Verão do hemisfério sul, os raios solares incidem directamente à superfície da terra no trópico de capricórnio. No solstício de Verão do hemisfério norte, ocorre o mesmo fenómeno no trópico de câncer.

Na astronomia, o equinócio vem do latim “aequus” que significa igual e nox que significa noite (noites iguais) definido como o instante em que o sol, na sua órbita aparente, cruza o equador celeste. O equinócio representa o posicionamento médio do sol em relação à terra, isto é, nenhum dos hemisférios está inclinado em relação ao sol, estando incidindo os seus raios directamente sobre a linha do equador, iluminando, então, igualmente os dois hemisférios. O equinócio ocorre duas vezes no ano, em Março e em Setembro. No equinócio ambos os hemisférios da terra se encontram igualmente iluminados pelo sol.

Os equinócios ocorrem nos meses de Março e Setembro, quando definem mudanças de estação; em Março o equinócio marca o início da Primavera no hemisfério norte e do Outono no hemisfério sul. Em Setembro ocorre o inverso, quando o equinócio marca o início do Outono no hemisfério norte e da Primavera no hemisfério sul.

A Maçonaria, como guardiã de antigas tradições, tem como uma das suas práticas mais antigas e tradicionais a celebração dos solstícios e equinócios; acredita-se que, assim como os romanos observavam o solstício de Inverno, em homenagem ao deus saturno, posteriormente chamado de “sol invencível”, esse costume também era observado pelas guildas romanas, os antigos colégios e corporações de artífices, que nada mais eram do que a maçonaria operativa. Este costume permaneceu intacto até ao surgir da Maçonaria especulativa, que o manteve. Há fortes indícios de que a Maçonaria especulativa, formada por europeus de predominância cristã e preocupados com a imagem da Maçonaria perante a “santa inquisição”, aproveitou a feliz coincidência das datas comemorativas de são João Batista (24 de Junho) e São João Evangelista (27 de Dezembro) serem muito próximas dos solstícios, para relacionarem a observância dos solstícios com os santos de nome João, e assim protegerem a instituição e a sua observação dos solstícios da ignorância, tirania e fanatismo.

Desta forma, na Inglaterra, o antigo símbolo maçónico de um círculo ladeado por duas linhas paralelas, um dos símbolos mais antigos da humanidade ainda em uso, teve a simbologia das linhas paralelas dos trópicos de câncer e capricórnio, que possuem ligação directa com a observância dos solstícios, transformados em S. João Baptista e S. João Evangelista.

Ernande Costa Macedo
Mestre Maçom, 33º – Secretário-geral da "Academia Maçônica de Letras, Ciências e Artes" da Região Grapiúna (Amalcarg)

Fonte

 Jornal O Compasso 

Publicado: https://www.freemason.pt/