SUPERIORIDADE GRAUdual?

Todos os Graus da Maçonaria são muito bonitos e possuem o mesmo valor de aprendizagem. Observando os nomes dos Graus, percebemos que cada um carrega uma mensagem, e não uma superioridade em relação aos demais.

Pode parecer esquisito se pensarmos em uma Loja Simbólica. Afinal temos Aprendizes, Companheiros e Mestres e, de modo natural, vem-nos a ideia de que Aprendizes estão ali para aprender e Mestres, para ensinar. Isso TEORICAMENTE explicita uma superioridade.

Tal concepção vai por terra quando constatamos que 90% dos trabalhos apresentados em Loja são feitos por Aprendizes e que há um grande número de Maçons que se dedicam exclusivamente à função de Mestre de Banquete Ad Hoc.

Tudo se complica em razão da numeração. MATEMATICAMENTE, três é "mais" que dois, e a distância do 33 para o 1 então…..

MAS OS NÚMEROS SÃO APENAS SEQUENCIAIS
PARA ORDENAÇÃO DAS INSTRUÇÕES.

Ao tratarmos de "Grau", devemos ter em mente sua condição de substantivo masculino, e não de adjetivo comparativo ou superlativo.

Como Maçons Especulativos e sempre prontos aos questionamentos, proponho estas reflexões:
Na capa do seu Ritual consta Aprendiz Maçom, Ritual Grau 1 ou Aprendiz Maçom, Ritual do 1°
Grau?

2) Esse "1" é apenas um numeral? É como o "sobrenome" do Grau de Aprendiz Maçom? Usamos para "economizar" linguagem? Ou utilizamos os números para mantermos certa descrição e evitarmos mal-entendidos? (vide Grau 12 do REAA ou Grau 29 do Rito Brasileiro).

3) No caso do "1°", estamos indicando "o primeiro passo" ou seu valor como "em primeiro lugar"?
Assim, que respondam os "Eternos Aprendizes" e aqueles que galgaram o Grau 33 e compreenderam que o final é uma convocação ao início.

Sem a menor sombra de dúvida, é obrigação de todos os iniciados completarem seus estudos. O Rito Escocês Antigo e Aceito é composto por 33 Graus, e só o apreenderemos por completo uma vez que recebermos as instruções de todos os Graus.

Os estudos dos Graus não são para nivelar ou classificar alguém. Eles dão intensidade e apresentam, portanto, a real proporção do que seja o rito trabalhado.

E sejamos sinceros: não é a capa, a editora ou o autor que confirmam a qualidade, a originalidade e a autenticidade do conteúdo.

Façamos uma analogia com as faculdades de Medicina. A Faculdade de Medicina Antiga do Brasil (FMAdB) e a Faculdade de Medicina Antiga Brasileira (FMABr) são instituições fictícias de um mundo imaginário. Em um deles, há líderes que desconhecem o Grau de Pontífice e criam regras para seus formados, esquecendo que eles são Homens Livres e de Bons Costumes, tolhendo-lhes o exercício básico de exercerem o que aprenderam.

Se não trabalharem nas e para as clínicas jurisdicionadas, perderão seus diplomas e poderão perder o registro no Conselho de Medicina Antiga (CMA).

POR ESSA ALEGORIA, FICA FÁCIL ENTENDER QUE NÃO É POR MEIO DE TÍTULOS OU GRAUS
QUE SE ALCANÇA A SUPERIORIDADE OU A SUPREMACIA.

O Maçom deve entender que sua caminhada, seu progresso ou seu destaque não podem estar vinculados a uma instituição. Não é a faculdade que faz o bom médico, mas a dedicação dele à Medicina.

O desenvolvimento moral e ético o faz se dedicar ao doente, e não à doença. É grato aos Mestres da faculdade, porém não se esquece da Tia Terezinha que, quando não sabia ler nem escrever, ensinou-lhe o soletrar.

Sérgio QUIRINO Guimarães
Grão-Mestre
GLMMG-2021/2024