Tudo o que vai, volta

Se você ofende alguém com uma palavra dura (a ação), está, ao mesmo tempo, transformando-se em alvo de ressentimento (a reação). Um palavrão, portanto, pode fazer mais mal a quem o proferiu do que àquele a quem foi dirigido, por ajudar a criar de modo explícito um clima de animosidade ou até de ódio. Por falar nisso, o próprio ódio também é assim, causa mais malefício a quem o produz do que a quem deveria recebê-lo.

 

E o pior é que há grande chance de que, na reação, seja mantida a essência, mas se aumente a intensidade.

 

Um episódio curioso, ocorrido em Curitiba na década de 60, entrou para a história e até virou filme, com o nome A Guerra do Pente. Em uma praça de comércio popular, um freguês comprou um pente e foi, por algum motivo, mal atendido. Essa foi a ação. Agora veja a reação: o freguês queixou-se do mau atendimento em altos brados, o que provocou solidariedade de outros clientes, que começaram a ofender o comerciante e estenderam as ofensas aos comerciantes vizinhos. No final, toda a praça foi depredada pela população, em uma verdadeira guerra que não deixou uma loja ou banca de camelô inteira, exigindo a intervenção da polícia e dos bombeiros.

 

Ódio gera ódio, só que maior.

 

Já o amor… Ah, o amor. Esse também, para nossa felicidade, é especialista em provocar reações proporcionais. Foi na mesma Curitiba que uma médica pediatra, de nome Zilda Arns, ao perceber que as doenças das crianças que chegavam ao seu ambulatório tinham menos relação com a medicina e mais com a fome ou os maus-tratos, iniciou uma campanha social, pequena, individual, para arrecadar fundos e melhorar a vida dos pequenos de uma comunidade. Essa ação pessoal, iniciada há 20 anos, transformou-se no melhor exemplo de reação social, com o nome Campanha da Solidariedade, e atende hoje, em todo o Brasil, milhões de crianças pobres com suplementos alimentares e orientações às mães.

 

Amor também gera amor. É uma questão de escolha.

 

Na hora de decidir ou na hora de agir, na maioria das vezes é difícil saber o que é certo ou errado – se é que existem categorias tão absolutas. Mas uma coisa é fato: certa ou errada, a ação desencadeará uma reação. Basta arcar com a consequência. É a lei.

 

Eugenio Mussak

Dedico-me à Educação há mais de quarenta anos, como professor, autor, palestrante e empresário. Em educação corporativa comecei em 1998. Minha formação foi em Medicina, de onde extraio muitos conhecimentos que aplico no meu trabalho em empresas.

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