Um mundo mudo

Incrível como a tecnologia, de forma acelerada, está brutalizando as relações humanas.

A introdução do celular em nossas vidas no final do século passado trouxe, à princípio, uma sensação de modernidade, de status, de glamour.

Eram poucos os felizardos que podiam ter acesso àquele novo símbolo de status.

Sua aparência, comparada aos celulares de hoje, teria a mesma semelhança existente entre um Fusca e uma Ferrari.

Sua única função era falar móvel! Sucesso total! Uma autêntica revolução na tecnologia da comunicação!

Era praticamente proibido usá-lo em restaurantes, cinema, teatro, etc. Falta de classe!

Pois bem, decorrido pouco tempo desde o seu lançamento, hoje todo mundo o tem.

Há mais celulares do que a população em grande parte dos países. Diferente de quando foi lançado, ele é capaz de fazer até milagre, menos falar.

Cada celular tem uma infinidade de aplicativos que envolvem completamente o usuário. Dessa forma passou a ser um verdadeiro shopping de utilidades, extremamente enriquecido com o advento da internet. A comunicação passou a ser, praticamente, digital.

Mas aí é que nasce o perigo...as conversas são, notadamente, digitais! Questiono-me como pode haver intensidade afetiva num relacionamento digital, sem o toque, a voz, o abraço, o beijo...não existirão amizades profundas e, muito menos, o amor.

Tudo parece estar caminhando para uma sociedade unitária, onde cada um só pensa em si, decorrente da educação à distância, sem convivência social que, acredito, seja uma forte tendência principalmente entre os jovens, de seguirem solteiros na sua jornada, ou no máximo um relacionamento sem perspectiva de continuidade e de fácil dissolução.

Onde não há amor, não existe vida, não existe fé. Um ser humano sem fé torna-se, em sua maioria, uma pessoa triste, solitária, depressiva e infeliz.

Dessa forma, no seu conjunto, teremos uma sociedade fria, sem emoção, sem amor e tesão pela vida. Uma sociedade próspera porém empobrecida de valores, sem vida, sem paixão, sem amor, materialista, sem espiritualidade, enfim, sem futuro.

Consequentemente, uma sociedade que não enxerga um futuro, não consegue viver o presente.

Apenas um mundo mudo, insensível, infeliz.

Será que é isso mesmo?

Tomara que não!

* Arthur Leandro Filho

é administrador de empresas aposentado

Fonte: www.alertatotal.net